Jô acusa transferência de renda para bancos
Acintoso. Assim a deputada federal Jô Moraes (PCdoB/MG) classificou o percentual de aumento (0,75%) da taxa básica de juros do País e defendeu a fixação de mecanismos de controle “para que não sejamos atraiçoados pelo COPOM mais uma vez”. A manifestação aconteceu durante discurso na tribuna da Câmara dos Deputados.
Publicado 30/04/2010 11:14 | Editado 04/03/2020 16:50

Segundo a parlamentar, o Copom, ao fixar o novo aumento da Selic “golpeia o crescimento, a produção, os trabalhadores. Isso significa mais débito para se pagar aos banqueiros. Isto significa, no dizer do grande economista Delfim Netto, que não estamos buscando a estabilidade, mas sim estabelecendo a transferência de renda para o sistema financeiro”.
Ao fazer uma breve avaliação da situação dos trabalhadores às vésperas do 1º de Maio, ela destacou a valorização do salário mínimo como grande conquista da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No governo Fernando Henrique Cardoso o salário mínimo equivalia a 78 dólares e neste ano ele está valendo 237 dólares, comparou.
Previdência
Jô Moraes alertou ainda para os desafios a serem enfrentados, entre os quais, o de incluir no sistema público de previdência 31% dos trabalhadores que hoje estão alijados deste direito. Outro problema refere-se aos altos índices de mortalidade e morbidade que atingem trabalhadores em razão dos acidentes de trabalhos.
Ela destacou que 757 mil trabalhadores foram vítimas de acidente de trabalho, entre estes, 2.700 morreram e 12 mil apresentam incapacidade permanente”.
Eis a íntegra do discurso da deputada Jô Moraes:
“Senhor Presidente, caros Deputados, queridas Deputadas, estamos às vésperas do dia 1º de maio, dia em que se procura dar visibilidade ao papel que os trabalhadores e trabalhadoras realizam no desenvolvimento do País. Temos que apreciar o que há para comemorar e qual a dívida que ainda temos em relação aos que constroem este País.
É evidente que, sob a égide do Presidente Lula, demos passos significativos.Tivemos, pela primeira vez, o reconhecimento das centrais sindicas. Reconhecimento este que está sendo questionado pelo DEM no Supremo Tribunal Federal. Nós precisamos efetivamente ter a garantia desse reconhecimento.
Tivemos a retomada do crescimento econômico, que serve, sobretudo, aos trabalhadores e aos empresários que querem construir a riqueza.Temos também, como grande conquista, uma política de valorização do salário mínimo. Isto permitiu que, de um salário mínimo de 78 dólares no último ano do governo de Fernando Henrique, nós chegássemos a este ano com um mínimo valendo 237 dólares.
Mas é evidente que ainda há muitas pendências. É preciso que os trabalhadores tenham o seu papel reconhecido. Hoje, 31% dos trabalhadores não têm cobertura previdenciária. E ainda, 757 mil foram vítimas de acidente do trabalho, dentre os quais, 2.700 morreram e 12mil ficaram permanentemente incapacitados.
Diante dessa realidade, diante do desafio que temos para responder às demandas dos trabalhadores e trabalhadoras, o COPOM, de forma traiçoeira, golpeia o crescimento do País, golpeia a produção, golpeia os trabalhadores, estabelecendo um percentual acintoso de 0,75% de aumento da taxa SELIC.
Isso significa mais débito para se pagar aos banqueiros. Isso significa, no dizer do grande economista Delfim Netto, que não estamos buscando a estabilidade, mas sim estabelecendo a transferência de renda para o sistema financeiro.
Por isso, nesta Casa, temos de estabelecer mecanismos de controle para que não sejamos atraiçoados pelo COPOM, mais uma vez.
Era o que tinha a dizer.”
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