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Grécia: governo quer sacrificar o povo e quarta tem greve geral

O primeiro-ministro grego, Giorgos Papandreou, disse na madrugada desse domingo (horário de Brasília), que chegou a um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e com a União Europeia sobre o pacote de resgate. Na mesma ocasião, pediu que a população faça sacrifícios para evitar uma catástrofe. Mas os sindicatos convocaram uma nova greve geral contra o pacote de arrocho e maldades ajustado pelo governo com o FMI.

O primeiro-ministro defendeu em um conselho de ministros extraordinário o plano de austeridade estipulado com a União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) para evitar a quebra do país. "Os sacrifícios de hoje são difíceis, mas necessários. Se não o fizermos a Grécia irá quebrar. Os sacrifícios nos darão o tempo necessário para aplicar as grandes mudanças que necessitamos", ressaltou.

Pacote de maldades

Mas isto não corresponde à opinião dos sindicalistas. As medidas do governo social-democrata reduzem salários e benefícios, aumentam a idade para aposentadoria e os impostos, fazendo com que todo o ônus da crise recaia sobre a classe trabalhadora. O movimento sindical não aceita o pacote e reclama outra saída, com medidas que façam os bancos credores e os ricos pagarem pela crise que, afinal, cometeram. Entre tais medidas inclui-se a moratória da dívida externa.

O primeiro-ministro enfatizou que a Grécia não está em condições de refinanciar 60 bilhões de euro de sua divida nos mercados internacionais. A alternativa seria suspender os pagamentos, mas é precisamente isto que FMI e União Europeia querem evitar, pois significa prejuízo para os bancos credores (principalmente da Alemanha) e agregaria mais lenha à fogueira da crise do sistema financeiro.

Banqueiros em 1º de lugar

O pacote visa precisamente preservar os interesses dos banqueiros. A economia que seria gerada com os cortes de salários, aposentadorias e pensões, além do aumento de impostos, é precisamente para garantir o pagamento dos juros.

Atenas negociou há quase duas semanas um programa de consolidação fiscal trienal com o FMI, a Comissão Europeia (órgão executivo da UE) e o Banco Central Europeu (BCE), uma condição prévia para ter acesso aos fundos internacionais de até 135 bilhões de euros para salvar o país da quebra. Na noite de sábado, o canal estatal grego NET informou que o governo da Grécia tinha fechado o acordo.

Povo quer que ricos paguem

As medidas já estão provocando o descontentamento na Grécia. No 1º de Maio dezenas de milhares de manifestantes foram às ruas protestar contra o pacote de arrocho. Em Atenas, a polícia usou gás lacrimogêneo contra estudantes que faziam uma passeata em frente ao prédio do Ministério das Finanças. Cenas semelhantes se repetiram em Salônica, no norte do país, onde os estudantes também confrontaram a polícia, invadiram lojas e bancos.

Segundo o correspondente da BBC em Atenas, Malcolm Brabant, pesquisas de opinião mostram que a maioria dos gregos está irritada e apavorada com o acordo de ajuda, porque eles não se sentem responsáveis pela atual crise econômica. "A maioria das pessoas nas ruas quer que o governo faça os ricos pagarem pelo déficit orçamentário, e não os trabalhadores comuns", disse o correspondente.

Os sindicatos decidiram convocar uma nova greve geral para a próxima quarta-feira (5) em protesto contra as medidas. Será a quarta paralisação nacional que os trabalhadores e trabalhadoras da Grécia realizarão neste ano.
Há temores de que a crise da dívida grega contamine outras economias por conta da moeda comum. Portugal, Espanha e Irlanda estão na situação mais delicada, segundo os analistas.

Da redação, com agências