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China apela pelo processo de desarmamento nuclear

O chefe da delegação chinesa e representante permanente da China na ONU, Li Baodong, afirmou nesta terça-feira (4) na 8ª conferência de revisão do Tratado de Não Proliferação Nuclear, realizada em Nova York, que a promoção gradual do desarmamento nuclear é um importante passo para concretizar a proibição e a destruição total das armas nucleares.

Li disse também que a prevenção da proliferação das armas nucleares é uma condição necessária e que as diversas partes precisam manter esforços incansáveis e agir em conjunto.

O representante chinês disse que os países nucleares devem cumprir na prática os deveres de desarmamento nuclear estipulados no Tratado, além de comprometerem-se a não possuir eternamente as armas nucleares.

Li enfatizou que a China sempre defendeu a proibição e a destruição total das armas nucleares e que o país aplica a estratégica nuclear de autodefesa, além de que jamais ameaçará outros países.

Segundo Li, a China buscará saídas diplomáticas para as questões nucleares que envolvem a Península Coreana — que tem armas atômicas tanto no sul, com os ocupantes americanos quanto na República Popular Democrática da Coreia, no norte — e o Irã.

Li Baodong também demonstrou a preocupação de seu país com a militarização do espaço, a partir dos chamados "programas de escudos de defesa", patrocinados pelos Estados Unidos. Para o governo chinês, tais iniciativas deveriam ser proibidas por meio de um tratado.

Coalizão

Nesta terça feira, Maged Abdelaziz, representante do Egito na conferência, interveio em nome da Coalizão por uma Nova Agenda, coalizão de países da qual o Brasil faz parte.

O Brasil aderiu a um grupo de seis países — ao lado de Nova Zelândia, África do Sul, Egito, Suécia e México — para defender a chamada "Coalizão para uma Nova Agenda", documento que enfatiza metas de desarme para as cinco maiores potências nucleares reconhecidas (EUA, Rússia, China, Reino Unido e França) e retoma os "13 passos" para atingir tais metas, aprovados em 2000, na 6ª Conferência de revisão do TNP.

Citando as cinco potências nucleares, Abdelaziz reafirmou que a eliminação das armas nucleares é o único caminho para a não proliferação e exigiu que essas potências apresentem um plano claro de desarmamento, com prazos claros, verificáveis e irreversíveis.

Para a Coalizão para uma Nova agenda, é urgente que entre em vigor uma resolução que crie uma zona de paz no Oriente Médio, exortando também que Israel assine o TNP e coloque seus arsenais sob inspeção da Agência Internacional de Energia Atômica.

Nesta terça-feira, os países ocidentais iniciaram uma ofensiva para que o protocolo adicional de salva guardas se torne universal e, por isso, obrigatório.

Outras propostas que surgiram no plenário, feitas por países como Coreia do Sul e França, pretendem estabelecer "punições" aos países que deixem o Tratado de Não Proliferação Nuclear.

Nos corredores da conferência há um rumor sobre o interesse dos EUA de estabelecerem uma nova ordem nuclear, fundada na "terceirização" do ciclo de enriquecimento de urânio, o que na prática significaria uma proibição para que os demais países desenvolvam de modo soberano a tecnologia nuclear.

Os EUA e seus aliados pressionam fortemente os demais países na 8ª Conferência para tentar consolidar uma nova ordem nuclear, impondo ainda mais restrições aos países em desenvolvimento, demonstrando de modo cabal como o tema nuclear é importante para o imperialismo manter o atual status quo internacional.

Da redação, com informações de Rubens Diniz, direto de Nova York.