Ahmadinejad defende punição para países nucleares
O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, pronunciou um forte discurso nesta segunda-feira (03) na abertura da Conferência das Nações Unidas sobre o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (NPT). Em sua fala, o líder iraniano defendeu punições para todas as nações que ameaçam usar armas nucleares, uma mensagem direta a Israel e aos Estados Unidos. Além disso, classificou como moroso o processo de paz no Oriente Médio conduzido pelas nações do Ocidente.
Publicado 03/05/2010 16:16
Ahmadinejad pediu a suspensão dos Estados Unidos da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Ele justificou a exigência pelo fato de os EUA terem sido o único país a "lançar duas bombas nucleares contra o Japão e utilizar armamento com urânio na Guerra do Iraque".
Segundo o líder iraniano, a nação norte-americana diz querer um mundo sem armas nucleares, mas ameaça Irã e Coreia do Norte com armas atômicas. O representante americano na assembleia, em resposta, saiu do auditório. O mesmo fizeram os representantes do Reino Unido e da França.
A presença e influência política destes estados impediu até o momento que a AIEA cumpra com seu mandato" em vários artigos, disse o presidente iraniano. Ahmadinejad fez referência direta à proteção ao programa nuclear iraniano quando pediu que "qualquer ameaça de uso de armas nucleares ou ataque contra instalações nucleares pacíficas seja considerada uma violação da paz e da segurança internacionais" e condenada pela ONU.
Ahmadinejad, que realizou um discurso no qual reiterou posições já conhecidas sobre seu programa nuclear e Israel, pediu também o "fim de toda cooperação nuclear com os países que não são membros do Tratado de Não-Proliferação (TNP) e que se puna os que as mantenham", em uma referência clara a Israel, que não é signatário do TNP.
Denunciou novamente o que considera os dois pesos e duas medidas do Ocidente em assuntos de desarmamento nuclear e acusou Israel de ter "centenas de ogivas nucleares" que ameaçam aos povos da região.
As críticas do presidente do Irã, o único chefe de estado que assiste à Conferência de Revisão do Tratado de Não-Proliferação, se dirigiram também em direção ao Conselho de Segurança da ONU, ao que acusou de "injusto e ineficiente", além de "estar ao serviço dos interesses dos estados com armamento nuclear".
O iraniano pediu ainda o desmantelamento do armamento nuclear "das bases militares dos Estados Unidos e seus aliados em outros países, incluindo Alemanha, Itália, Japão e Holanda". Ele soliciou que um organismo independente fixe um calendário preciso para a eliminação de todas as armas nucleares. Segundo ele, as potências que mantêm esse tipo de arsenal estimulam outras nações a desenvolverem artefatos atômicos e pediu a eliminação total dessas armas.
Ahmadinejad ainda disse que não há fundamento nas acusações contra seu país de que estaria enriquecendo urânio para produzir um arsenal atômico. Segundo ele, não há "uma única prova" de que o programa nuclear mantido pelo Irã não tenha fins pacíficos, motivo pelo qual o Conselho de Segurança da ONU quer aprovar sanções contra a República Islâmica.
Com agências
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