Dilma cresceu no Sul e Sudeste e entre as mulheres
A pesquisa do Vox Populi, divulgada sábado, mostra que Dima reduziu a vantagem que Serra tinha no Sul e no Sudeste, regiões que eram os maiores calos da campanha da candidata petista. No Sudeste, ela passou de 22% para 36%. No Sul, cresceu de 24% para 30%. Os responsáveis pela campanha de Dilma comemoram ainda dois pontos: ela cresceu entre as mulheres (essa era uma das suas maiores dificuldades) e, principalmente, começou a ser reconhecida como a escolha de Lula para a sua sucessão.
Publicado 17/05/2010 17:26
Em suas mensagens no twitter no domingo (16), a candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, esforçava-se para se manter discreta quanto à pesquisa do Instituto Vox Populi, divulgada no sábado (15) que, pela primeira vez, a mostra à frente de seu principal adversário, José Serra, do PSDB. Dilma agradeceu as mensagens de parabéns pelo resultado, mas a todos respondeu com um protocolar: “De pesquisa eu não vou falar não”.
Em Salvador, onde participou da homologação da candidatura de Jaques Wagner, que disputará a reeleição ao governo da Bahia pelo PT, Dilma repetiu o mesmo: “Nunca comentei pesquisa, não vou comentar agora”, disse ela. Fora, porém, dos espaços públicos, Dilma e sua equipe comemoraram muito os números do Vox Populi. Na verdade, as projeções que o comando da campanha fazia há algumas semanas já indicavam a possibilidade de ultrapassagem sobre Serra até o início de junho.
Na pesquisa do Vox Populi, num cenário apenas com os três principais candidatos, Dilma aparece com 38% das intenções de voto. Serra fica com 35%, e Marina Silva, do PV, com 8%. Num cenário com todos os pré-candidatos colocados na disputa (que inclui Américo de Souza, do PSL; Plínio de Arruda Sampaio, do Psol; Rui Costa Pimenta, do PCO; Zé Maria, do PSTU; Levy Fidelix, do PRTB; José Maria Eymael, do PSDB; Mário de Oliveira, do PTdoB, e Oscar Silva, do PHS, todos com menos de 1%), Dilma fica com 37%, Serra com 34% e Marina com 7%. Numa consulta sobre o segundo turno, a candidata do PT aparece com 40%, e Serra com 38%.
A ascensão de Dilma poderia ter sido até mais homogênea. Os erros cometidos no início da sua pré-candidatura, depois que deixou o Ministério da Casa Civil, deram um fôlego inicial a Serra que o comando da campanha de Dilma não previa. Imaginava-se que ele iria estacionar nos patamares em que estava e que ela cresceria. Por isso, após a primeira semana, Dilma recolheu-se para rever algumas estratégias. Quando voltou, privilegiou três pontos: a consolidação política de seus palanques, as regiões onde tinha mais desvantagem para Serra e entrevistas para rádios e jornais menores de circulação regional. Com essa tática, cresceu.
Com relação aos palanques, os petistas comemoram o fato de neutralizar, pelo menos por enquanto, a possibilidade de ida do PP e do PTB para os braços de Serra (se os dois partidos ficarem divididos, imaginam os petistas, a vantagem será para Dilma).
A pesquisa mostra que Dima reduziu a vantagem que Serra tinha no Sul e no Sudeste, regiões que eram os maiores calos da campanha da candidata petista. No Sudeste, ela passou de 22% para 36%. No Sul, cresceu de 24% para 30%. No Sudeste, chegou a passar Serra, que aparece agora com 35%. No Sul, só não foi melhor porque Serra também cresceu, de 39% para 45%. De acordo com o presidente do Vox Populi, Marcos Coimbra, a vantagem de Dilma no Sudeste vem principalmente de Minas Gerais. Até a pesquisa anterior, acredita ele, muitos eleitores mineiros guardavam seus votos, imaginando que o ex-governador de Minas Aécio Neves seria candidato a Presidência ou vice de Serra. Agora, quando já sabem que Aécio será somente candidato a senador, os eleitores mineiros seguiram para Dilma, num estado em que o presidente Lula sempre teve altos índices de popularidade.
Os responsáveis pela campanha de Dilma comemoravam ainda dois pontos: ela cresceu entre as mulheres (essa era uma das suas maiores dificuldades) e, principalmente, começou a ser reconhecida como a escolha de Lula para a sua sucessão.
Candidata de Lula
O ponto a demonstrar isso é a pesquisa espontânea, aquela em que não é mostrada ao eleitor uma lista de candidatos. Na rodada anterior da pesquisa, em janeiro, Lula liderava a pesquisa espontânea, com 19%. Agora, quem lidera é Dilma com os mesmos 19%, e Lula aparece com apenas 10% (antes, Dilma tinha 9%). Serra aparece em segundo, com 15% (antes, tinha 9% também). Marina tem apenas 2% na espontânea. Mesmo com as contestações judiciais feitas pelo PSDB e pelo DEM, o comando petista atribui esse resultado aos programas mostrados na TV na semana passada (especialmente, as inserções menores, o programa oficial do PT não teve ainda efeito na pesquisa).
Os programas foram os primeiros a mostrar o que deve ser a chave do discurso de Dilma. A chave consiste em mostrar que Dilma é a sucessora natural de Lula porque ela foi, como ministra da Casa Civil, a operadora das realizações do governo do atual presidente. Os programas reforçaram essa relação entre Dilma e Lula, buscando, ao mesmo tempo, colar Serra com o governo anterior, de Fernando Henrique Cardoso. Um tom de campanha que Serra evita.
Fonte: Congresso em Foco