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Dilma é líder, mas Folha troca margem de erro por margem de Serra

Fui ver como os grandes meios de comunicação estavam noticiando a pesquisa CNT/Sensus, que confirmou Dilma Rousseff à frente de José Serra, como a Vox Populi apontara no sábado. Agora são dois institutos mostrando a tendência e fica difícil questionar. Daqui a pouco o Datafolha estará lembrando um ex-presidente da República e pedindo para que não o deixem só na tentativa de manter Serra na frente.

Por Brizola Neto, no blog Tijolaço

Comecei por O Globo, jornal do meu estado, e não encontrei chamada na capa da versão online. Como a manchete principal era para o sucesso da missão diplomática do Lula no Irã e logo ao lado havia uma foto de Dilma, que deu entrevista à CBN, pensei: Deve ter alguma chamadinha dessas menores, com assuntos correlatos ao tema que consideram principal. Mas nada. Para encontrar o resultado da pesquisa no Globo, é preciso clicar no link país, onde se pode ler: “CNT/Sensus: Dilma passa Serra na disputa”.

Pensei comigo mesmo, esses jornais são fogo, deixa eu dar uma olhada nas revistas. E fui à página da Veja. A manchete era um assombro e deve estar batendo todos os recordes de leitura do dia: “Imóveis, cuidado ao financiar”. Quem quiser saber da pesquisa de hoje pela revista terá que vasculhar em últimas notícias até encontrar uma matéria de Agência Estado, com o título “CNT/Sensus: com 35,7% Dilma aparece à frente de Serra”. Deve ter sido um sofrimento para os editores da Veja publicarem isso, mas ignorar por completo não dava. O jeito foi escondê-la logo para ver se passava batida.

A Folha Online também não põe o assunto como principal manchete, gentilmente cedida às dúvidas dos EUA sobre o acordo com o Irã, mas trata da pesquisa logo depois, com o título Pesquisa CNT/Sensus indica empate técnico entre José Serra (com o nome em primeiro) e Dilma Rousseff. Daqui a pouco vou tratar desse assunto de empate técnico.

O Estadão foi o que manteve a pesquisa mais tempo em evidência, mas enquanto escrevia esse post, também já tinha mudado para as dúvidas dos EUA sobre o compromisso do Irã.

“Margem de erro” ou margem de Serra

Não dava para esconder que o Sensus confirmou que Dilma passou Serra nas pesquisas de intenção de voto. Abriu dois pontos e meio — 35,7, contra 33,2% de José Serra. Na anterior, que o PSDB tentou impugnar, Serra ainda aparecia à frente de Dilma (32,7 a 32,4%).

Mas, antes ainda de comentar os detalhes da pesquisa, queria comentar a manchete do UOL, do Grupo Folha, que reproduzo aí ao lado. Quer dizer que agora é empate técnico? Claro que é, se considerarmos que a margem de erro é de 2,2%, e que os resultados, assim, poderiam se cruzar.

Sensus na Folha

Em tese, é verdade. Mas a tese não valeu na última pesquisa em que o Datafolha não tinha “subido ao Serra” e que registrou que a diferença tinha se reduzido de 14 para 4 pontos, dentro da margem de erro de mais ou menos 2%.

Transcrevo a edição de 28 de fevereiro daquele jornal:

“Apesar do crescimento da petista, é impreciso dizer que o levantamento indica um empate estatístico entre Dilma e Serra. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Os dois só estariam empatados tecnicamente em 30% na raríssima hipótese de o tucano estar no seu limite mínimo e sua adversária no limite máximo, segundo a estatística Renata Nunes, do Datafolha.”
 

Este é o “rigor técnico” do Datafolha e do seu proprietário, o grupo Folha. Tudo por Serra. E aguardem o Datafolha.

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