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Tailândia sucumbe à violência: seis mortos em conflitos

Edifícios por toda a capital tailandesa, Bangcoc, foram incendiados por manifestantes anti-governamentais nesta quarta-feira (19) após o exército do país ter atacado um acampamento de manifestantes no centro da cidade.

Pelo menos seis pessoas foram mortas durante o assalto ao acampamento dos chamados "Camisas Vermelhas", mas o número pode ser bem maior.

O governo impôs um toque de recolher a partir das 20h locais (10h de Brasília) até as 6h em Bangcoc e extendeu o ato a outras 21 províncias, em um esforço para restabelecer o controle sobre as ruas. O comando do exército do país afirmou que as operações serão levadas a cabo durante toda a noite de quarta-feira para quinta.

Alguma autoridades também disseram que o Estado de Emergência declarado em Bangcoc e em mais 20 províncias seria estendido às localidades de Kalasin e Mudkahan, no nordeste do país.

Abhisit Vejjajiva, o premiê, disse em uma transmissão televisionada que acredita que seu governo poderá em breve "resolver os problemas e retornar o país à paz e à ordem outra vez".

Seis importantes líderes dos Camisas Vermelhas se renderam à polícia após soldados romperem as barricadas que cercavam a área de protesto no bairro comercial de Rachaprasong, no início da manhã desta quarta.

Os líderes fizeram pedidos emocionados para que os simpatizantes do movimento deixassem a área, mas não foram ouvidos.

Fúria dos Camisas Vermelhas

Os manifestantes em retirada atearam fogo a alguns edifícios. O considerado mais importante deles foi a Bolsa de Valores local. A loja Central World, a segunda maior da Ásia, foi destruída por chamas.

Os Camisas Vermelhas supostamente atacaram também a sede da emissora pública Channel 3, incendiando o prédio e forçando a evacuação de vários executivos por helicóptero. A polícia acabou salvando o resto dos trabalhadores da emissora.

Os jornais de língua inglesa The Nation e Bangkok Post foram obrigados a evacuar seus funcionários após ameaças feitas por manifestantes.

Um grande edifício de escritórios situado na rua dos correios de Bangcoc também foi incendiado.

A rebelião se espalhou pela zona rural do norte e nordeste da Tailândia, áreas de forte presença dos camisas vermelhas.

A mídia local relatou que manifestantes atearam fogo a escritórios públicos em Udom Thani e saquearam a prefeitura de Khon Kaen.

O governador da província de Udom Thani pediu a intervenção dos militares. Imagens de TV mostram tropas em retirada, após serem atacadas por uma multidão em Ubon Ratchathani.

Ao mesmo tempo, Thaksin Shinawatra, o deposto primeiro ministro, apoiado pelos Camisas Vermelhos, disse que teme que o ataque militar acabe em uma guerra civil, de guerrilha, por todo o país.

"Há uma teoria de que um ataque militar pode espalhar ressentimento e as pessoas atingidas por isso podem acabar criando guerrilhas", disse à agência Reuters.

Thaksin, acusado pelo atual governo de incitar os protestos e a rebelião, negou que teria sabotado as negociações sobre uma saída pacífica para a crise, dizendo que ele não era "o cabeça dos terroristas".

Entretanto, especialistas ouvidos pela emissora catariana Al-Jazira discordam da negação de Thaksin.

"Ao contrário de manifestações anteriores dos Camisas Vermelhas, desta vez eles tiveram um pequeno número de pessoas pesadamente armadas entre elas", disse um dos especialistas.

"Eles tiveram também a clara intenção de tentar embaraçar e derrubar o atual governo"

"Isso sugere que Thaksin pode muito bem estar por trás de tudo isso, porque além de tudo, ele quer acabar com o bloqueio a seu dinheiro e também deseja influenciar a política tailandesa atual".

Assalto militar

O assalto desta quarta-feira começou quando cerca de 100 soldados armados com rifles automáticos e espingardas, junto com metralhadoras montadas em veículos blindados, romperam as barricadas dos Camisas Vermelhas na área mais ao sul do lugar em que faziam o protesto.

Os veículos blindados passaram sobre as barricadas repetidas vezes, abrindo grandes passagens por onde entraram os soldados do exército tailandês.

Jongjet Aoajenpong, diretor de um dos hospitais de Bangcoc, afirmou à agência de notícias AFP que presenciou a morte de um jornalista italiano, que teria sofrido um disparo no abdôme e teria morrido pouco depois de dar entrada no Hospital.

De acordo com informações da Al-Jazira, as operações foram consideradas "um sucesso" pelos militares.

"Esta foi uma das mais temidas operações pelas pessoas, que achavam que se os militares rompessem as barricadas haveria um grande banho de sangue", afirmou a emissora.

"Isso não aconteceu. Entretanto, há muitos problemas e desafios que precisam ser resolvidos entre o povo e o governo da Tailândia no futuro", finaliza a Al-Jazira.

Da redação, com informações da Al-Jazira