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ONU enfatiza importância de acordo entre Irã, Brasil e Turquia

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, qualificou nesta sexta-feira (21/5) como importante o acordo obtido nesta semana entre Brasil, Turquia e Irã para que ao Irã envie seu urânio para enriquecimento no exterior. "Esperamos que esta e outras iniciativas permitam uma solução negociada", acrescentou. 

O secretário-geral da ONU destacou a necessidade de que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) avalie o acordo nuclear com o Irã do ponto de vista técnico e "profissional". Fechado na segunda-feira, o acordo inclui o compromisso do Irã de enviar ao exterior, especificamente à Turquia, uma quantidade de 1,2 mil quilos de urânio pouco enriquecido para receber no prazo de um ano 120 quilos do combustível enriquecido a 20%, nível suficiente para o reator médico pretendido pelo país.

As declarações de Ban ocorrem enquanto o Conselho de Segurança da ONU analisa a proposta dos Estados Unidos de aplicar uma quarta rodada de sanções internacionais ao Irã por causa de seu polêmico programa atômico, suspeito pelas potências ocidentais de ter fins bélicos, o que é negado pelo regime de Teerã.

O projeto de novas sanções conta com o apoio dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU – EUA, Rússia, França, China e Reino Unido, os países com direito a veto de resoluções. Eles querem que o Irã detenha o programa de enriquecimento de urânio.

Brasil e Turquia, dois dos dez membros não-permanentes do Conselho, se opõem às novas sanções e defendem negociações diplomáticas para o fim do conflito. Ambos os países consideram o acordo obtido com o Irã um "triunfo da diplomacia" que abriria novas vias para negociar uma solução pacífica ao contencioso. No entanto, os EUA e outras potências ocidentais acham que o Irã tenta apenas, mais uma vez, ganhar tempo para poder continuar com suas aspirações nucleares.

Amorim explicará acordo à Alemanha

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, conversará neste sábado (22/5) com os representantes da Alemanha no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), dando continuidade à série de contatos feitos nos últimos dias para explicar a posição do Brasil e da Turquia sobre o acordo assinado em Teerã no início desta semana.

O ministro disse na tarde de ontem, no Itamaraty, acreditar que todos os países estão interessados na paz e numa solução negociada. "É claro que alguns assumiram compromissos prévios com determinado curso de ação", disse, referindo-se aos países que, um dia depois do anúncio do acordo em Teerã, aprovaram o esboço de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU propondo novas sanções ao Irã.

Amorim acredita que no máximo até segunda-feira o governo do Irã enviará carta à Agência Nacional de Energia Atômica (Aiea), ratificando o acordo assinado com o Brasil e com a Turquia. O envio da carta é um dos detalhes que faltam para completar o compromisso iraniano em relação à negociação.

Segundo o ministro das Relações Exteriores, "tudo que nos foi indicado como sendo necessário para fechar o acordo com o Irã foi feito, faltando apenas o envio da carta. Tenho confiança de que ela será feita, porque seria um contrassenso chegar a um esforço de negociação como nós chegamos, aprovar uma declaração do mais alto nível das autoridades iranianas, receber a aprovação da grande maioria do Parlamento iraniano e tudo isso ser prejudicado pela falta de uma carta. Não creio que isso vá ocorrer".

Amorim voltou a dizer que o Brasil e a Turquia assumiram sua responsabilidade ao propor a paz e uma solução negociada, que é considerada viável. "Evidentemente", disse o ministro, "pode haver alguma circunstância que leve a outras atitudes. Mas se não houver essa circunstância, e ainda assim se persistir no curso das sanções, os países que as estão propondo assumirão suas responsabilidades".

Da redação, com agências