Mercado segue inseguro com a Europa e eleva vendas na Bolsa
O investidor voltou a adotar cautela no pregão inicial desta semana e, em meio à forte oscilação e ao fraco volume movimentado, o Ibovespa fechou no vermelho.
Publicado 24/05/2010 20:02
Depois de acentuar as perdas no fim do dia, o principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) encerrou as operações com queda de 0,57%, aos 59.915 pontos, e giro financeiro de R$ 4,645 bilhões.
Em Wall Street, o índice Dow Jones caiu 1,24%, aos 10.066,65 pontos, enquanto o Nasdaq teve desvalorização de 0,69%, para 2.213,55 pontos, e o S & P 500 se depreciou em 1,29%, aos 1.073,65 pontos.
O economista do Banco Schahin, Silvio Campos Neto, ressaltou que a Bovespa acompanhou a volatilidade do mercado externo, com o investidor ainda inseguro em voltar às compras.
"O dado de vendas de imóveis usados nos Estados Unidos foi bom, mas não sustentou o mercado. No Brasil, a bolsa tendia para uma recuperação, mas há ainda muita insegurança, o contexto como um todo ainda inspira muito cuidado. Ainda há muitos pontos de incerteza em muitos países, o que mantém o mal humor dos investidores, e a cautela explica o baixo volume da Bolsa", afirmou.
Os agentes receberam poucos indicadores econômicos nesta segunda-feira e se frustraram com a ausência de novas medidas voltadas para a proteção do euro, que voltou a cair nesta sessão.
No setor financeiro, pesou a intervenção no CajaSur pelo banco central da Espanha. Embora responda apenas por uma pequena parcela dos ativos do sistema financeiro espanhol, a notícia repercutiu mal sobre o mercado.
Além disso, o Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou que a economia da Espanha precisa de amplas reformas. De acordo com a instituição, os desafios são grandes e o apontamento citou um déficit fiscal acentuado, uma disfunção no mercado de trabalho, endividamento externo e do setor privado, fraca competitividade e um setor bancário com bolsões de debilidade, entre outros pontos.
Do lado positivo, o governo do Reino Unido anunciou uma redução de gastos de mais de 6 bilhões de libras (US$ 8,7 bilhões) dedicada ao corte do déficit orçamentário do país.
E, nos Estados Unidos, a Associação Nacional de Corretores de Imóveis do país (NAR, na sigla em inglês) revelou que as vendas de imóveis residenciais usados registraram um aumento de 7,6% de março para abril, em bases ajustadas sazonalmente, para uma taxa anualizada de 5,77 milhões de unidades.
No âmbito corporativo doméstico, entre as blue chips, os papéis PNA da Vale se depreciaram em 1,21%, para R$ 39,80, com giro financeiro de R$ 717,4 milhões. Já as ações PN da Petrobras caíram 0,84%, a R$ 27,15, com volume de R$ 411,4 milhões.
Entre as principais altas do dia, o destaque ficou com os papéis da TIM Participações. Enquanto as ações ON subiram 6,51%, a R$ 6,7, as PN se valorizaram em 2,66%, para R$ 4,62.
Segundo o analista da Gradual Investimentos, Marcio Yamachira, o movimento das ações pode ter sido, em parte, associado com a proposta feita pela Telefónica para comprar a fatia da Portugal Telecom na Vivo.
"Se a Portugal Telecom não quiser mesmo vender a Vivo, a segunda opção da Telefónica poderá ser de concentrar o foco na TIM, como uma alternativa de crescimento", comentou.
Também em alta estiveram as ações ON da OGX Petróleo, com ganhos de 4,13%, a R$ 15,85, e giro de R$ 290,1 milhões, e os papéis ON da JBS, com apreciação de 3,64%, a R$ 6,82.
A OGX revelou hoje que identificou a presença de hidrocarbonetos, gás e condensados, em uma das seções do poço 1-OGX-11D-SPS, localizado no bloco BM-S-59, em águas rasas da bacia de Santos.
Já entre as quedas mais expressivas do Ibovespa estiveram os papéis do setor de construção, que se destacaram na última semana no lado positivo.
As ações ON da Gafisa caíram 4,18%, para R$ 10,54, as da Rossi Residencial recuaram 4,18%, para R$ 11,92, e os papéis da PDG Realty tiveram baixa de 2,96%, a R$ 14,05.
Beatriz Cutait – Valor