O trabalhador é a inspiração da última obra de Yara Tupynambá

Depois de serem imortalizados em painéis de nomes como Di Cavalcanti e Cândido Portinari, os operários foram novamente pintados pelos pincéis da artista Yara Tupynambá. A pintora mineira apresentou na última segunda-feira (24) sua mais recente obra. Trata-se de uma exposição Vida e Arte no caminho do aço, encomendada pela empresa alemã Vallourec & Mannesmann do Brasil, que tem uma grandiosa fábrica na região operária do Barreiro, em Belo Horizonte.

- Vermelho Minas

A coleção é composta por seis quadros de 100x120cm, formando um conjunto, sobre o trabalho na Usina, da chegada do carvão até a expedição dos tubos, que constituem o principal produto da empresa. “Os quadros, realizados em preto, branco e cores do marron avermelhado ao amarelo, revelam a força do trabalho do operariado e o ambiente grandioso da Usina”, informa o site da pintora.

Yara
Natural de Montes Claros, capital do Sertão, Yara é a mais importante pintora mineira. Foi aluna e seguidora de Alberto da Veiga Guignard. Em sua arte expressa as belezas mineiras em suas cores e formas. Tem 92 painéis e murais espalhados por cidades brasileiras, muitos deles já expressando trabalhadores na labuta, como o painel desenhado na sede do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais.

Em entrevista para o Vermelho, Yara falou um pouco da sua história e justificou a inclusão dos trabalhadores em tal obra: “Eles que movem a usina. Que constroem tudo. Eles são os motores que alimentam a usina”. Yara lembra que esta não é a primeira vez que levou os trabalhadores para suas telas. “Os trabalhadores são minha grande inspiração. Tenho murais históricos em que os retratei. No painel que fiz para a empresa Açominas, eles também estavam lá.”

A artista conta que tem uma relação especial com os trabalhadores da siderurgia por razões familiares. “Meu pai foi uma das pessoas que ajudou a implementar o pólo siderúrgico de Itauna. Eu acompanhei de perto e criei um fascínio por aquele ambiente”. Ela citou algumas referências da pintura brasileira que tinham os trabalhadores como inspiração. “Portinari e Di Cavalcanti tinham no povo a sua expressão maior. Di tem a série dos pescadores, Portinari as séries que tratam dos trabalhadores da borracha, do aço”.

Depois que aceitou a empreitada de levar para as telas o processo de produção do aço, Yara foi fazer visitas `a usina em busca de inspiração. Foi quando teve a consciência de que ali, “homens e máquinas estavam integrados, harmonicamente, desde a chegada do carvão `a exportação dos tudos”.

Yara fez questão de expor em cada quadro a presença do trabalhador. “O maquinário é grandioso, como grandiosa é a ocupação do espaço, mas sem duvida, é o homem a peça vital para o funcionamento da usina. Daí colocá-lo em meus quadros como peça chave em suas diversas tarefas, das mais simples as mais complexas, como elemento propulsor de toda a movimentação do trabalho ali executado”, explica a pintora mineira.

Para a deputada federal Jô Moraes, que visitou a abertura da Exposição de Yara, “esse trabalho é muito importante, pois mostra um lado pouco conhecido do cotidiano do trabalhador. Ela entra nos espaços mais expressivos da contribuição dos metalúrgicos, para mostrar a força do trabalho na construção da nação brasileira”, diz Jô.

De Belo Horizonte,
Kerison Lopes