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Hillary inicia turnê latino-americana com polêmicas na OEA

A OEA (Organização dos Estados Americanos) inicia nesta segunda-feira (7) em Lima a sua 40ª Assembléia Geral ordinária, com a presença da secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, que começa pelo Peru sua segunda turnê latino-americana. Washington não confirmou se ela terá um encontro bilateral com Celso Amorim, chanceler do Brasil, com quem Hillary disse ter "sérias divergências".

A insatisfação da secretária de Estado com o Brasil tinha como alvo o acordo Irã-Brasil-Turquia para a solução pacífica e negociada da questão nuclear iraniana. Washington torceu o nariz para a iniciativa e insistiu no caminho da imposição de sanções à República Islâmica. Em resposta, a diplomacia brasileira fez chegar à imprensa uma carta do presidente Barack Obama a Lula,datada de duas semanas antes da viagem deste último a Teerã, apoiando a conclusão de um acordo nos termos que foram alcançados.

O tema do acordo iraniano deve frequentar os debates na OEA. A iniciativa do Brasil tem o apoio de seus vizinhos latino-americanos, com destaque para o governo da Venezuela, cujo presidente, Hugo Chávez, também visitou Teerã.

A polêmica das Malvinas

Outro tema incômodo para Hillary mas que entrará em pauta é o das Malvinas, as ilhas do Atlântico Sul que a Argentina reivindica como parte do seu território, mas estão sob ocupação britânica desde 1835. O tema ganhou importância depois que os ingleses iniciaram um projeto para explorar reservas petrolíferas recém-descobertas no arquipélago, cuja economia tradicionalmente tinha como base a criação de ovelhas.

A diplomacia de Washington sustenta que o assunto deve ser tratado bilateralmente, entre Buenos Aires e Londres. No entanto, os EUA deram apoio militar ao exército britânico durante a Guerra das Malvinas, em 1883.

Para o Equador, visita "tapa a boca"

Do Peru, Hillary seguirá viagem para o Equador, Colômbia e Barbados. Será sua segunda visita à América latina, já que em fevereiro ela esteve na Argentina, Uruguai, Brasil, Chile, Costa Rica e Guatemala.

No Equador, onde o governo de Rafael Correa defende posições antiimperialistas, a secretária de estado fiará apenas duas horas. Mas terá uma reunião com Correa. Em seu programa semanal de rádio, o presidente equatoriano defendeu neste sábado que a visita de Hillary "tapa a boca daqueles que afirmam que somos antinorte-americanos, que as relações estão rompidas".

Equilibrando-se entre o desejo de manter relações normais com os EUA e o de diferenciar-se de seus antecessores (que chegaram a substituir a moeda nacional do Equador pelo dólar americano), Correa prosseguiu: para ele, a visita "tapa a boca dos que creem que ser amigo dos EUA é ajoelhar-se, e que não renovar o acordo da Base de Manta é romper relações com os EUA.

Correa não renovou o contrato da Base de Manta, única instalação militar dos EUA na América do Sul até o acordo que cedeu ao Pentágono o uso de oito bases na Colômbia. No ano passado, os soldados americanos se foram. Correa comentou que, "a bem da verdade, [os EUA] respeitaram muitíssimo nossa decisão, sairam até antes do prazo".

Honduras continua fora da OEA

O governo Barack Obama, que tomou posse em Washington em janeiro do ano passado, tem proclamado sua intenção de melhorar as relações com a rAmérica Latina, uma região para a qual a administração George W. Bush voltou as costas. No entanto, já no batismo de fogo da diplomacia Obama, provocado pelo golpe de Honduras, um ano atrás, EUA e latino-americanos viram-se em campos opostos.

Washington, depois de uma hesitação inicial, entendeu-se com os golpistas. Jea a maioria das nações latino-americanas manteve a condenação do golpe e ainda não reconheceu o governo saído das eleições sob patrocínio golpista-americano.

Honduras permanece suspensa da OEA e não participará da Assembléia Geral. Os países latino-americanos, a começar pelo Brasil, e o próprio secretário-geral da Organização, Miguel Insulza (do Chile), admitem o retorno do país centro-americano, com base no princípio do reconhecimento das situações de fato, mas apenas "sob certas condições". Entre elas, figura a permissão para que o ex-presidente hondurenho Manuel Zelaya, deposto pelo golpe de junho, possa retornar ao seu país.

Da redação, com agências