A transmissão global da austeridade europeia
Algumas ideias a respeito da mania de austeridade fiscal que agora varre a Europa: será que alguém está avaliando com a devida seriedade o quanto isso afeta o restante do mundo, incluindo os Estados Unidos?
Por Paul Krugman*
Publicado 11/06/2010 20:38
Temos uma referência para compreender essa questão: o modelo Mundell-Fleming. De acordo com esse modelo (será que alguém ainda estuda esse tipo de coisa?), a contração fiscal num país onde vigora uma taxa de câmbio flutuante é algo contracionista para o mundo como um todo. A razão disso é que a contração fiscal leva a juros mais baixos, o que leva à depreciação da moeda, que por sua vez melhora o equilíbrio comercial do país contracionista – em parte compensando os efeitos da contração fiscal, mas também impondo uma contração ao restante do mundo. (O Brookings Paper de Rudi Dornbusch publicado em 1976 analisou essas questões.)
No momento atual, a situação torna-se mais complicada porque a política monetária enfrenta o limite inferior igual a zero. Independentemente disso, algo muito parecido com esse mecanismo de transmissão parece estar ocorrendo agora, e a fraqueza do euro está transformando a contração fiscal na zona do euro num problema global.
Meus amigos, a situação é cada vez pior. E os Estados Unidos precisam pensar em como poderão se isolar do masoquismo europeu.
*Economista estadunidense, Prêmio Nobel de Economia e colunista do jornal New York Times