China manda G20 ficar longe da polêmica sobre yuan
País enfrenta e rejeita pressão para deixar a moeda se valorizar; governo chinês afirma que questão não deveria ser debatida internacionalmente.
Publicado 18/06/2010 19:58
A China disse para o resto do mundo não se intrometer na sua forma de administrar o yuan, classificando a taxa de câmbio como um assunto a ser decidido somente pelo país.
Yuan é assunto chinês
Pequim enfrenta pressão, especialmente de Washington, para deixar o yuan se valorizar e, desta forma, ajudar a reduzir o grande déficit comercial dos Estados Unidos. Os mercados financeiros esperam que a questão seja abordada na cúpula do G20 no Canadá em 26 e 27 de junho.
Mas autoridades chinesas afastaram essa ideia.
"O yuan é a moeda da China, então eu não acho que é uma questão que deveria ser discutida internacionalmente", disse Cui Tiankai, vice-ministro das Relações Exteriores chinês que é o representante do país na preparação para a cúpula.
Zhang Tao, chefe do departamento internacional do banco central da China, disse que, até onde ele sabe, o yuan nunca foi discutido em cúpulas anteriores do G20.
"O governo chinês decidirá sobre sua política cambial de acordo com a situação econômica doméstica e global", disse Zhang. (Simon Rabinovitch e Aileen Wang).
Soberania nacional
O governo chinês considera a política cambial uma questão de soberania nacional e a história parece justificar a resistência à pressão estrangeira liderada pelos EUA. Afinal, é a política de câmbio flutuante que deveria ser revista no mundo, pois traz instabilidade e crises monetárias.
Durante o período em que as relações econômicas mundiais foram orientadas pelo câmbio fixo, em conformidade com os acordos de Bretton Woods, o capitalismo viveu o que o historiador inglês Eric Hobsbawm chamou de “anos dourados”, com o crescimento em alta (taxas médias de 5% ao ano nos países mais desenvolvidos) e o desemprego em baixa (taxa de apenas 1,5% na Europa).
Quem acabou com a festa, por decisão unilateral, foi o governo estadunidense, à época presidido por Richard Nixon, que deu um calote no mundo ao determinar que o dólar não seria mais conversível em ouro a partir de agosto de 1971.
O controle sobre o câmbio, adotado pelo governo comunista, é um dos fatores determinantes do bom comportamento da economia chinesa na crise asiática, em 1997, e, mais recentemente, diante da recessão iniciada nos EUA no final de 2007 e de lá exportada para o resto do mundo.
Da redação, com agências