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Cone Sul será prioridade da Argentina, diz novo chanceler

O futuro chanceler argentino, Héctor Timerman, afirmou que a relação com o Brasil e o Mercosul serão suas prioridades, além de dizer que vai manter a reivindicação ao Irã pelos acusados do atentado de 1994, contra uma entidade judaica.

"O Brasil é prioritário, a relação deu frutos, vamos continuar aprofundando-a no mesmo caminho feito até agora, estamos construindo uma união baseada em uma forte coincidência de interesses", explicou o futuro ministro, em entrevista ao jornal Página 12.

Timerman substituirá Jorge Taiana, no posto desde 2005 e que renunciou ao cargo na sexta-feira passada por supostas divergências com o governo argentino.

O novo titular da diplomacia de Cristina Kirchner apontou ainda como meta da Chancelaria a necessidade de "aprofundar a presença argentina na região e na construção dos laços com a América Latina".

Sobre a relação entre Buenos Aires e Teerã, ele afirmou que "o caso do Irã é simples, a Justiça argentina pediu a extradição de funcionário iranianos porque disse ter indícios de sua participação no atentado à Amia [Associação Mutual Israelita Argentina], e quer indagá-los".

A declaração se refere ao ataque cometido contra a Amia em Buenos Aires, ação que deixou 85 mortos. Entre os requeridos pela nação sul-americana está Ahmad Vahidi, ministro da Defesa do governo de Mahmoud Ahmadinejad.

Ainda segundo ele, a aproximação do Brasil com o Irã, empreendida pela administração de Luiz Inácio Lula da Silva, não afeta os laços entre Brasília e Buenos Aires. "A Argentina respeita a Política Externa de todos os países da mesma maneira que exige respeito pela política externa", continuou.

Timerman é o primeiro judeu a assumir o Ministério de Relações Exteriores na Argentina, país que reúne a maior comunidade judaica na América Latina. Esse fato, para o diplomata, "mostra o avanço da sociedade argentina" em matéria de tolerância religiosa e cultural.

"É um produto do que aprendemos desde o fim da ditadura, a sociedade aprendeu que algumas minorias, como a judia, foram perseguidas com uma intensidade especiais", opinou.

Professor de Direitos Humanos em Nova York entre 1979 e 1983, período em que permaneceu exilado, Timerman é filho do jornalista Jacobo Timerman, sequestrado durante a ditadura militar, que governou o país entre 1976 e 1983.

Ele assumirá o posto em uma cerimônia às 11h30, horário de Brasília, na próxima terça-feira, na Casa Rosada (sede do governo argentino) em Buenos Aires.

Fonte: Opera Mundi