Rodrigo Vianna: México, Inglaterra e os vira-latas

Nesse domingo, entre uma gravação e outra aqui em Johannesburgo, consegui correr pro estádio e assistir à vitória argentina contra o México. Fiquei numa posição ótima, bem atrás do gol em que a Argentina fez os dois primeiros gols. Pude ver, em detalhes, tudo que aconteceu na hora do primeiro gol, aquele marcado por Tevez, em posição escandalosa de impedimento.

Por Rodrigo Vianna, no blog Escrevinhador

Não sei se a TV aí no Brasil trouxe todos os detalhes. Correrei o risco de ser redundante.

Quando Tevez saiu pra comemorar, eu já tinha a certeza que o gol havia sido irregular. Por isso, fiquei de olho no juiz. Ele não correu para o meio do campo. Ficou parado dentro da área, hesitante,a olhar para o bandeirinha. Esse ergueu dois dedos – como a dizer que havia dois zagueiros dando condição para o gol. Só aí o juiz confirmou o tento.

Pouco depois, o gigantesco telão do estádio mostrou o “replay”, confirmando o impedimento escandaloso. A FIFA não aceita a interferência do “replay”, acho que o rapaz que cuida do telão vai ter problemas: por distração, ele mostrou aos 85 mil presentes que o gol fora mesmo irregular.

Um roubo escandaloso.

O bandeira também viu a imagem, titubeou, e resolveu chamar o juiz. Por um momento, os dois pareciam dispostos a anular o gol. Mas, por algum motivo, resolveram confirmar o tento ilegítimo.

Até aí, nada de anormal. Não foi a primeira vez que um gol em impedimento é validado.

O que me espantou foi a falta de reação dos mexicanos. Foram tímidos demais! O México parece mesmo uma equipe marcada para perder. Parece aceitar o triste papel de jogar uma Copa atrás da outra como coadjuvante, sem brilho, sem oferecer grande perigo aos adversários.

Já joguei futebol a sério. Se um bandeira comete um erro daqueles, o mínimo a se fazer é cercá-lo, peitá-lo, intimidá-lo de forma definitiva…Os mexicanos tinham que ter criado um sururu fenomenal naquela hora. Ameaçado sair de campo, o diabo a quatro! No limite, se a arbitragem não voltasse atrás, ao menos ficaria tremendamente intimidada.

Nada disso. Os mexicanos aceitaram ser roubados na frente de 85 mil pessoas. Reclamaram, mas de forma muito moderada… Só faltaram ganir de humildade, só faltaram pedir desculpas por terem levado um gol em impedimento.

O complexo de vira-latas é algo muito sério! Ainda bem que o Brasil se livrou disso: em campo, com Pelé, desde 58. Nas relações internacionais, agora com Lula.