Destempero e bola aérea derrotam Brasil

O Brasil foi eliminado da Copa do Mundo da África do Sul na manhã desta sexta-feira (2) ao perder por 2 a 1 da Holanda, nas quartas de final da competição. O jogo, disputado no estádio Mandela Bay, em Port Elizabeth, foi marcado pelo nervosismo da Seleção Brasileira, que não resistiu às provocações dos jogadores holandeses, perdeu o foco no jogo e cometeu erros infantis que custaram a classificação.

Com uma atuação impecável no primeiro tempo, marcada pela total apatia do adversário, a Seleção Brasileira impôs-se em campo e Robinho abriu o placar, aos 10 minutos de jogo, após um belo passe do controvertido Felipe Melo.

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O Brasil era inconteste o melhor em campo, mas o nervosismo mostrado por Kaká e Robinho era um indício de que o time não estava seguro em campo. Nervosismo à parte, Kaká fazia sua melhor partida no mundial, junto com Robinho, Felipe Melo — que fez o lançamento para o atacante fazer o gol — e Daniel Alves.

Apesar de dominada em campo no primeiro tempo, a Holanda conseguiu enervar os principais jogadores do Brasil com faltas duras e provocações. Isso seria decisivo na segunda etapa da partida.

Logo aos 8 minutos da segunda etapa o goleiro Júlio César tenta cortar um cruzamento e atrapalha Felipe Melo, que cabeceia desequlibrado e marca o gol de empate para a Holanda.

O nervosismo toma conta dos brasileiros a partir de então. A seleção perde a iniciativa e o segundo gol é apenas uma questão de tempo. Após um escanteio cedido ingenuamente por Juan, que poderia ter tocado a bola pela linha lateral, a Holanda chega ao segundo gol, em um cabeceio do meio-campista Sneijder.

Dunga também estava abalado, chegou a esmurrar a cobertura do banco de reservas, revoltado com a violência holandesa que, para ele, não era punida pelo árbitro da partida. O nervosismo tomou conta de todos os jogadores, que não conseguiam recuperar o domínio da partida.

Felipe Melo perdeu a cabeça, pisou em Robben e foi expulso. Virou o bode expiatório da derrota brasileira, para delírio da mídia que abriu fogo contra a Seleção Brasileira após Dunga remover os privilégios que uma emissora de televisão considerava seus.

Dunga cometeu erro ao não convocar Ronaldinho Gaúcho e Paulo Henrique Ganso. Os dois teriam suprido a deficiência técnica e tática que o meio de campo brasileiro demonstrou nas cinco partidas que jogou.

O erro que custou caro, porém, foi o psicológico. Dunga enclausurou a Seleção e elevou ainda mais a tensão psicológia e física dos jogadores. O técnico remendou o erro da Copa da Alemanha, de 2006, com posições absolutas e diametralmente opostas, mas acabou gerando um problema maior, aumentando a tensão pelos resultados

Em 2006 o excesso de relaxamento retirou a tensão necessária para agredir o adversário. Agora, o excesso de contração provocou um nervosismo excessivo que foi determinante para o resultado da partida desta sexta.

A Holanda, uma equipe bastante limitada e que depende de 3 jogadores — van Bommel, Robben e Sneijder — disputará a semifinal com o vencedor de Uruguai e Gana, que jogam às 15h30 (hora de Brasília). A única característica interessante da Holanda é que, finalmente, depois de 36 anos, a equipe está unida.

Fim da Era Dunga

Dunga sai da Seleção Brasileira depois de 3 anos e meio, ostentando números invejáveis e um ótimo aproveitamento, vencendo a Copa América de 2007, com um sonoro 3 a 0 na Argentina e a Copa das Confederações em 2009 com uma vitória por 3 a 2 sobre a surpreendente equipe dos Estados Unidos.

Porém, amarga derrotas nas duas competições mais importantes disputadas pelo Brasil no período: a Olimpíada de Pequim, em 2008, e o Mundial de 2010.

De São Paulo,
por Humberto Alencar