Haiti rejeita proposta dos EUA de intervenção nas eleições
O presidente do Haiti, René Préval, rejeitou nesta quinta-feira (1) as propostas feitas pelo senado dos Estados Unidos para as próximas eleições locais, que acontecerão no dia 28 de novembro. Entre elas, está a sugestão de que "parceiros internacionais" do governo haitiano participem da formação do Conselho Eleitoral.
Publicado 02/07/2010 14:49
Para o presidente haitiano, as sugestões norte-americanas são “inaceitáveis” e podem até mesmo promover a “anarquia” no país. “Não posso criar um conselho eleitoral em consulta com parceiros internacionais. Não formo um conselho eleitoral com estrangeiros. Formo o conselho eleitoral com parceiros nacionais", advertiu Préval.
As declarações do presidente haitiano foram respostas a um relatório divulgado na quarta-feira (30) pelo senador republicano Richard Lugar, líder do Comitê de Relações Externas do senado norte-americano.
Durante entrevista coletiva, Lugar formalizou as propostas de “assistir o governo haitiano na reestruturação do conselho eleitoral provisório”. De acordo com o relatório norte-americano, o conselho – composto por oito integrantes – favorece indevidamente Préval, o que justificaria uma intervenção internacional.
Préval, porém, negou as acusações e garantiu que tem acompanhado pessoalmente as atitudes do atual conselho para averiguar e controlar qualquer tipo de conduta indevida. Além disso, o presidente haitiano rejeitou o apelo de Lugar para que integrantes do partido Fanmi Lavalas, do ex-presidente Jean-Bertrand Aristide, participassem das eleições.
Prorrogação
Em 2009, o Fanmi Lavalas foi impedido de participar de eleições legislativas após facções rivais do partido terem apresentado listas de candidatos distintas. “Como pode um mesmo partido político apresentar quatro ou cinco candidatos sob a mesma bandeira e concorrendo ao mesmo cargo? Isso é anarquia”, argumentou Préval, para quem a exclusão do partido foi justa.
“Se quisermos fortalecer partidos políticos não podemos reconhecer facções internas deles, a não ser que essas facções se convertam em partidos políticos por meios dos canais legais”, complementou.
As eleições gerais do Haiti, que estavam previstas para o dia 28 de fevereiro foram adiadas em decorrência do terremoto que atingiu o país e, segundo o governo, deixou mais de 300 mil mortos e 1,5 milhão de pessoas desabrigadas. Em decorrência disso, o sucessor de Préval deve tomar posse apenas em 7 de fevereiro de 2011. Entretanto, os parlamentares haitianos votaram recentemente para que o atual presidente seja mantido no cargo até 14 de maio devido a possíveis problemas com o processo eleitoral.
Em Cuba
René Preval, chegou na noite desta quinta-feira a Cuba, para cumprir uma visita de trabalho. De acordo com o jornal oficial Granma, "como parte do programa, o mandatário haitiano terá encontros com dirigentes do Estado e do governo cubanos, com o objetivo de examinar o andamento dos projetos de cooperação que Cuba desenvolve nesse irmão país".
Com agências