Ibope confirma empate entre Dilma e Serra, Azenha critica mídia
Às vésperas do início oficial das campanhas eleitorais, a petista Dilma Rousseff e o tucano José Serra aparecem empatados na corrida presidencial. Ambos têm 39% das intenções de voto, segundo pesquisa Ibope encomendada pela Associação Comercial de São Paulo. O jornalista Luiz Carlos Azenha denuncia as movimentações que precedem as pesquisas eleitorais com o objetivo de influenciar os seus resultados.
Publicado 04/07/2010 10:40
A pesquisa, feita após Serra ganhar destaque em 20 anúncios de 30 segundos do PSDB, exibidos em rede nacional de rádio e televisão, confirma o cenário captado nos últimos dias pelo instituto Datafolha, que também apontou um empate técnico entre os presidenciáveis: Serra com 39% e Dilma com 38%.
Há pouco mais de uma semana, o Ibope havia divulgado a primeira pesquisa em que a candidata do PT aparecia como líder isolada, com cinco pontos porcentuais de vantagem em relação ao adversário. Desde então, o tucano subiu quatro pontos porcentuais e Dilma oscilou negativamente um ponto. A candidata do PV, Marina Silva, apenas oscilou de 9% para 10%.
Notícias falsas
O jornalista Luiz Carlos Azenha, do Blog Vi o mundo, denuncia os métodos pré-pesquisa utilizados para influenciar seus resultados: "Existe um novo padrão para divulgar o resultado de pesquisas eleitorais. Ele começa com o vazamento e a disseminação de notícias falsas sobre os dados, especialmente na internet. As notícias falsas, então, circulam na blogosfera carregadas por internautas desavisados, que deixam comentários em blogs de grande leitura. Cria-se uma expectativa em relação a números, que quando divulgados surpreendem. Foi assim com a nova pesquisa do Ibope, que registra empate entre Dilma Rousseff e José Serra (na anterior Dilma tinha cinco pontos de vantagem)."
O empate entre os dois principais candidatos à Presidência, segundo o Ibope, persiste na simulação de segundo turno: ambos aparecem com 43% das intenções de voto.
Brasileiro confia que Dilma vai ganhar
Dilma está à frente, porém, no quesito expectativa de vitória. Para 45% dos entrevistados, ela será a próxima presidente da República. Outros 34% preveem que Serra será o vencedor.
Também na pesquisa espontânea, aquela em que os eleitores manifestam a sua preferência antes de ler a lista de candidatos, Dilma lidera com 22% das intenções de voto. Serra vem a seguir, com 17%. Ainda há 12% de eleitores que citam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva como o seu nome favorito, apesar de ele não ser candidato para o próximo pleito.
Gêneros e regiões
O candidato do PSDB voltou a se distanciar de Dilma no eleitorado feminino. Nesse segmento, o tucano lidera por 46% a 39%. A pesquisa Ibope realizada entre os dias 18 e 21 de junho mostrava, pela primeira vez, um empate entre os dois principais adversários entre as mulheres. Entre os homens, é a petista quem leva vantagem, por 48% a 39%.
O tucano também se descolou da adversária na região Sudeste, onde voltou a ocupar a liderança isolada, com 41% a 34%. No Norte/Centro-Oeste, Serra virou o jogo: perdia por 40% a 34% e agora lidera por 43% a 35%. Na Região Sul, o tucano vence por 45% a 37%.
Dilma está à frente apenas no Nordeste (50% a 30%). Oscilações significativas nos resultados regionais não são incomuns. Como o número de entrevistas é relativamente pequeno em cada região, as margens de erro nesse quesito são grandes.
Palanque eletrônico
O Ibope mediu o impacto da propaganda partidária exibida recentemente, que foi utilizada pelos candidatos como plataforma para se promover.
Um terço dos entrevistados lembrou ter visto propagandas do candidato tucano nas duas semanas anteriores ao levantamento. No caso de Dilma, esse índice foi de 27%.
Todos os dados se referem ao cenário em que são apresentados aos entrevistados apenas os nomes dos três principais concorrentes à eleição. Quando os chamados "nanicos" são incluídos no levantamento, Serra e Dilma empatam em 36% e Marina fica com 8%.
A pesquisa ainda incluiu os nomes de Ciro Moura (PTC) e Mário de Oliveira (PTdoB), que desistiram de concorrer às vésperas do prazo final para as convenções partidárias. Ontem, o PSL anunciou que Américo de Souza também não será mais candidato, o que reduziu o número de presidenciáveis para dez.
Só o começo
A três meses do primeiro turno, pouco mais da metade da população afirma ter "muito interesse" ou "interesse médio" pelas eleições. Nada menos que 44% admitem ter pouco ou nenhum interesse pela questão. Este talvez seja um dos principais dados da pesquisa, pois indica que as eleições 2010 estão só começando.
De Sâo Paulo, Luana Bonone, com Estadão e Blog Vi o mundo
Título alterado às 11h53, para conferir maior precisão