Dilma irá mais às ruas, Serra quer debates, e Marina mira pobres
Nesta nova fase das eleições 2010 – cuja campanha começa oficialmente nesta terça-feira (6) –, a candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, vai aumentar a presença em eventos de rua ao lado do presidente Lula. Com o ex-ministro Antônio Palocci quase como sua sombra, Dilma também vai se concentrar na preparação para os poucos debates dos quais aceitou participar contra o tucano José Serra.
Publicado 05/07/2010 12:33
“Serão poucos mas grandes comícios, com a massa que vai ver Lula, mais para o final (da campanha), nas grandes cidades”, diz o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), um dos coordenadores da campanha de Dilma. A petista vai investir nas viagens e caminhadas pelo interior do país. Nesta semana, vai para a rua o material gráfico: panfletos, banners com santinhos de Dilma ao lado de Lula e de outros candidatos.
A coordenação pretende intensificar a presença de Lula a partir da propaganda eleitoral gratuita no rádio e TV, na segunda quinzena de agosto. O comitê central da campanha, que vem sendo preparado há cerca de três meses, será inaugurado dia 13 de julho. A maior parte da atual infraestrutura continua. “Dilma está em intenso treinamento para o confronto direto com o Serra. Serra tem mais experiência nessa área, mas isso não basta a ele. O Palocci assumirá como peça chave nessa fase — afirmou André Vargas, secretário de comunicação do PT.
Quem faz o quê?
Na campanha de José Serra, integrantes do PSDB e do DEM querem ajustes emergenciais. Depois da superação da crise para escolha de vice, há a constatação de que os erros recentes foram cometidos, em parte, por conta de um centralismo muito forte do próprio Serra.
A escolha do deputado Indio da Costa (DEM-RJ) resolveu a crise da aliança com o DEM, mas ficaram sequelas regionais que precisam ser solucionadas. Chamou a atenção de aliados a forma improvisada da escolha do vice. O fato de Serra ter deixado para a última hora a definição explicitou dificuldades no palanque da oposição. O DEM e os demais aliados (PPS e PTB) vão exigir espaço no comando da campanha e participar das decisões.
“Há necessidade de dividir responsabilidades na coordenação. Espero que esse episódio do vice possa ajudar nisso. Dilma cresceu por causa da propaganda do governo Lula. Em condições de igualdade, vamos estabelecer a comparação”, diz o líder do DEM, senador José Agripino Maia (RN). Na campanha oficial, reclamam tucanos e aliados, não é mais possível ter uma agenda de candidato indefinida. Agripino sugere a mobilização de prefeitos e a organização da agenda. “As pessoas precisam saber quem é o Serra”, diz.
Faz parte da nova estratégia chamar Dilma para o debate: “Será a fase de mostrar de fato os candidatos e seus atributos. E o eleitor reconhece que Serra tem mais atributos. Vamos dar mais visibilidade e estruturar a campanha do ponto de vista operacional e de comunicação”, diz o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PSDB-PE).
Depois de um período errático, variando entre a posição de "Serrinha paz e amor" e a de ataques mais diretos à gestão petista, a cúpula tucana reconhece que não se deve partir para um enfrentamento com um governo que está muito bem avaliado. Do ponto de vista de densidade eleitoral, os tucanos consideram estratégico o reforço da campanha em Minas e no Rio. Uma das missões de Indio da Costa será ajustar o palanque no terceiro maior colégio eleitoral do país.
Mais pobres, menos classe média
Na campanha de Marina Silva, a estratégia é tentar conquistar o voto das mulheres pobres. Entre a classe média ligada às questões ambientais e os jovens, os outros dois nichos de eleitores definidos como públicos-alvo pelos verdes, a avaliação é que não há grande espaço para crescimento. Desde dezembro de 2009, Marina oscila entre 10% e 12% nas pesquisas.
O caminho vislumbrado para chegar até as mulheres pobres passa pelas igrejas evangélicas. Marina se converteu em 2004 à Assembleia de Deus. A agenda deve incluir muitas visitas a templos da própria Assembleia e de outras denominações. Outro caminho para chegar até o eleitorado é a presença em programas de rádios populares.
Da Redação, com informações do O Globo