Prefeito é perseguido pelo DEM por falar a verdade sobre Serra
O deputado estadual Rodrigo Garcia (DEM) anunciou hoje que encaminhou à Executiva do DEM, em São Paulo, um pedido de expulsão do partido do prefeito de Tanabi (SP), José Francisco de Mattos Neto. O prefeito está sendo perseguido porque percebeu e condenou os malefícios da administração do governo Serra no município e no Estado, o que o levou a aderir à candidatura de Dilma Roussef.
Publicado 09/07/2010 01:28
Mattos participou de um ato de apoio à candidatura de Dilma Rousseff à Presidência nas eleições de outubro, em São José do Rio Preto, no interior paulista. Na ocasião, o prefeito de Tanabi fez críticas ao PSDB e acusou o governo paulista de sucatear os serviços públicos no Estado ao longo dos últimos anos. Este foi o fato que motivou o pedido de expulsão feito por Rodrigo Garcia, um "demo" que parece ter assimilado bem a controvertida ética tucana.
Nada mais que a verdade
Como se sabe, José Serra ocupou o cargo de governador paulista até o final de março deste ano, quando se desincompatibilizou para concorrer ao Palácio do Planalto. É o responsável-mor pelos problemas apontados por José Francisco Mattos Neto. O prefeito, por sinal, falou a verdade, nada mais que a verdade. Quem precisa de serviços públicos a cargo do estado não terá dificuldades para constatar o sucateamento denunciado por ele.
Serra aplicou em São Paulo a mesma política de caráter neoliberal que orientou a ação dos dois governos de FHC em âmbito nacional. Privatizou, foi indiferente aos anseios do povo, jogou a PM contra os professores, ampliou os pedágios. Foi um governo dos ricos para os ricos, que desprezou os pobres e revelou-se um inimigo da classe trabalhadora.
Despropósito reacionário
Como candidato tucano à Presidência o ex-governador de São Paulo também acena com o retrocesso. Criticou o Bolsa Família, prometeu acabar com o Mercosul, hostilizou os movimentos sociais e angariou a antipatia dos movimentos sindicais.
O candidato Serra também externou uma posição deplorável em relação aos direitos da mulher. Declarou que a legalização do aborto provocaria “uma verdadeira carnificina no país”. O comentário é um despropósito reacionário feito com o objetivo de agradar a direita e explorar preconceitos religiosos que despertou indignação não só nos movimentos feministas. Também mereceu uma dura condenação das centrais sindicais.
Em nota conjunta, assinada pela CUT, Força Sindical, CTB, Nova Central e CGTB, os sindicalistas destacam:
"É lamentável que um candidato a presidência da República tenha essa postura. Ao fazer essa declaração, ele fecha os olhos para milhares de mulheres que recorrem ao aborto como o último recurso para evitar uma gravidez indesejada e não como um método anticoncepcional.
"Não há mulher ou homem que defenda o direito ao aborto, que considere a interrupção da gravidez uma decisão fácil, pelo contrário, é uma decisão difícil para a imensa maioria das mulheres que precisam recorrer a ele, podendo gerar conseqüências tanto físicas quanto psicológicas.
"O reconhecimento do direito das mulheres em decidir sobre sua sexualidade e reprodução é o princípio dos direitos humanos e da cidadania que substancia os direitos sexuais e os direitos reprodutivos."
"Serra parece desconhecer os números apresentados pelos países onde o aborto foi legalizado e é realizado em condições seguras e adequadas. Nesses locais houve redução do número de abortos, da mortalidade materna e das seqüelas provocadas pelos abortos realizados em péssimas condições. Só para se ter uma idéia, enquanto a taxa de aborto por 1.000 mulheres é de 4/1.000 em países como a Holanda, no Brasil a estatística é 10 vezes maior: 40/1.000. E na África do Sul, país que legalizou o aborto em 1997, a mortalidade materna caiu mais de 90% desde então.
"Surpreende que um ex-ministro da Saúde faça uma declaração tão irresponsável como essa." Por fazer demagogia e falsear fatos com a finalidade de ludibriar trabalhadores desavisados ou pouco informados, o candidato tucano mereceu outra crítica contundente das centrais
Da redação, Umberto Martins, com informações do Valor