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Pesquisa mostra desigualdades nas propriedades do campo

Na esteira da 11a Conferência Regional sobre a Mulher na América Latina e Caribe (Cepal), realizada este semana em Brasília, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), promoveu uma reunião para debater os direitos de propriedade das mulheres do campo na América Latina, com duas pesquisadoras que participaram do evento internacional.

As duas pesquisadoras são a economista Carmen Diana Deere, da Universidade da Flórida e Flaco Ecuador e a socióloga Magdalena León, da Universidade Nacional da Colômbia, que trabalham juntas desde a década de 1990 e já produziram o livro “Gênero, Propriedade e Empoderamento: Terra, Estado e Mercado na América Latina”.

Magdalena León disse que é urgente a ideia da justiça social integrar o reconhecimento da mulher como chefe de família. “É importante o acesso e o controle direto da mulher na propriedade da terra porque é a chave para o poder de negociação da mulher rural e seu empoderamento econômico”.

Já Carmem Deere apresentou sua nova pesquisa, que futuramente virará livro também, sobre “Propriedade dos ativos e desigualdades de gênero: Direitos de propriedade da mulher na América Latina”. Ela destacou que no meio rural, a propriedade da moradia está ligada a propriedade do terreno, “então as mulheres urbanas estão em uma posição melhor do que as do campo”.

Izolda Dantas, do MDA, comentou que este estudo mostra como as mulheres não se sentem donas da propriedade e tampouco são reconhecidas como tal. “Há o indicativo de que muitos homens ao fazer o cadastro da reforma agrária não informam seu estado civil e isso faz com que ele esteja ocultando uma segunda pessoa que pode dividir com ele a titularidade da terra. Para isso, precisa da obrigatoriedade da declaração do estado civil que é importante para combater essa ocultação da mulheres como possíveis beneficiárias da reforma agrária”.

Segundo Izolda Dantas, do MDA, a reunião serviu para que a equipe do Ministério conhecesse as pesquisas sobre propriedade e desigualdade de gênero. “Para nós, que trabalhamos com esse tema da reforma agrária, é muito importante não só conhecer essa pesquisa, mas fazer um debate com elas para ter mais condições de avaliar as políticas de superação da desigualdade das mulheres rurais”, ressaltou Izolda.