Sem categoria

Supermercados: três empresas faturam 40% das vendas

O processo de concentração e centralização do capital, característico do capitalismo moderno, avançou consideravelmente nos supermercados brasileiros, segundo estudo realizado recentemente pelo Departamento Intersindical de Estudo e Estatísticas Sócioeconômicas (Dieese). As três maiores empresas do segmento (Grupo Pão de Açúcar, Carrefour e Walmart) abocanham 40% do faturamento.

De acordo com o órgão de pesquisa, o nível de emprego formal nos supermercados aumentou 64% entre 1999 e 2008, mas a remuneração média da força de trabalho caiu 5,5%. É também grande a rotatividade da mão de obra, usada pelo patronato para arrochar salários, assim como a discriminação das mulheres, mais um artifício para aumentar o grau de exploração.

O final de 2008 e o início de 2009 foram períodos atípicos para a economia brasileira. A crise financeira que se propagou pelo mundo nesse período interrompeu o processo de crescimento econômico que vinha ocorrendo nos últimos anos. Apesar disso, o segmento supermercadista apresentou bons resultados referentes ao seu desempenho econômico.

Consumo em alta

Fatores como crescimento da massa salarial, aumento da renda – que consequentemente leva ao crescimento do consumo – a criação de novas vagas de emprego e a política de valorização do salário mínimo fortaleceram o mercado interno e contribuíram diretamente para os bons resultados obtidos pelo segmento.

Visando subsidiar a ação sindical junto às empresas deste segmento, o Sindicato dos Comerciários de São Paulo solicitou ao Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos- Dieese, a realização deste estudo que tem como objetivo traçar um panorama conjuntural da atividade econômica, do comportamento do emprego e do rendimento nas empresas no segmento. Além disto, visa também apresentar um breve perfil dos empregados com carteira assinada, focando principalmente a desigualdade entre homens e mulheres.

Sem crise

O segmento supermercadista paulista, acompanhando o setor do comércio como um todo, obteve bons resultados em 2009, apesar da continuidade da desigualdade entre homens e mulheres nas relações de trabalho. Ademais, os resultados mostram que a crise pouco ou quase nada afetou o segmento.

Sendo assim, esse é um contexto mais favorável à negociação coletiva, portanto é extremamente oportuna a busca pela ampliação dos ganhos reais de salário bem como a conquista de outros itens para os trabalhadores do segmento.

• No estado de São Paulo, em 2009, verificou-se crescimento no volume de vendas no segmento supermercadista de 11%, sendo que em 2008 esse percentual foi de 8,3%. Com relação à receita nominal de vendas, o incremento foi de 15,4%, resultado inferior ao obtido em 2008, 19,7%;

• As três maiores empresas (Grupo Pão de Açúcar, Carrefour e Walmart) ampliaram sua participação no faturamento no segmento do autosserviço. Em nível nacional, alcançaram conjuntamente R$ 71,6 bilhões, representando 40% do total dos supermercados no ano. Esse resultado é fruto, em grande medida, do processo de fusões e aquisições, que tem aumentado, a cada ano que passa, o nível de concentração no setor.

• No tocante ao emprego formal no ano de 2009, o segmento gerou 5 mil novos postos de trabalho no município de São Paulo, enquanto no estado foram gerados 18 mil.

• A remuneração média recebida em 2008 pelos comerciários do município de São Paulo foi de R$ 1.093,82, enquanto no estado de São Paulo ficou em R$ 993,63

• Em 2009, a geração de emprego se concentrou nas empresas com até quatro empregados, com mais de 8 mil novos postos de trabalho. Isso é mais significativo quando se observa que a quantidade de vínculos ativos era de aproximadamente 4 mil, em dezembro de 2008;

• A rotatividade serve como mecanismo redutor do custo do trabalhador deste segmento. Enquanto a remuneração média do admitido era R$ 712,15 em 2009, na cidade, o desligado recebia R$ 837,25, ou seja, há uma diferença de 15% entre o valor que era pago, e o salário do novo contratado;

• Em 2008, a mão de obra feminina ocupou 45% dos postos de trabalho do segmento na cidade de São Paulo, contudo a desigualdade se manteve;

• As mulheres apesar de terem nível de escolaridade maior que os homens continuaram ocupando postos de trabalho que pagavam salários menores, que correspondem a aproximadamente 77% daqueles recebidos pelos homens;

• Na análise da década compreendida entre 1999 e 2008, o nível de emprego formal supermercadista cresceu 64% na cidade de São Paulo. Porém, a remuneração média apresentou retração de 5,5%;

Como as projeções para economia brasileira para 2010 e mesmo para os próximos anos são alentadoras, as perspectivas para o segmento devem ser extremamente positivas também. Com expectativas favoráveis de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), continuidade da política de valorização do salário mínimo nacional, ampliação do crédito, expansão da ocupação, crescimento da massa salarial e esperado aumento da renda dos trabalhadores através dos ganhos reais de salários que os sindicatos devem continuar conquistando nas negociações coletivas, tem-se um cenário extremamente auspicioso para a expansão do segmento supermercadista no Brasil.

Fonte: Dieese