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Alarme de plataforma da BP operava desligado, diz técnico

O sistema de alarme que poderia evitar a explosão da plataforma de petróleo da britânica British Petroleum (BP) no Golfo do México, em abril, estava desligado no momento do acidente porque a empresa queria evitar que possíveis "alarmes falsos perturbassem os trabalhadores" e prejudicassem a produção.

A denúncia foi feita na manhã desta sexta-feira (23) por um técnico da empresa em depoimento a uma comissão federal que investiga as causas do vazamento que há três meses polui o mar da região.

O técnico Michael Williams era chefe de eletrônica da plataforma Deepwater Horizon, da BP, e afirmou perante a comissão que, desde um ano antes, a plataforma operava com o alarme no "modo inibido", propositalmente. O motivo alegado pela gerência da BP, segundo ele, era prevenir que "a tripulação fosse acordada desnecessariamente no meio da noite".

De acordo com o jornal norte-americano The Washington Post, Williams é ex-fuzileiro naval e sobreviveu ao acidente de abril pulando da plataforma em chamas para o mar. Em abril, a Deepwater Horizon explodiu e afundou, e o duto que extraía o óleo cru do fundo do mar se soltou, despejando milhões de litros de petróleo no Golfo do México.

Investigações preliminares da BP sugerem que uma bolha de gás metano se desprendeu do poço de perfuração e subiu pela coluna principal, passando por diversas barreiras e filtros antes de entrar em combustão. O sistema de alarme, segundo o Post, tinha função justamente de impedir que "gases combustíveis atinjam potenciais fontes de ignição".

O jornal afirma ter investigado registros da receita federal nos EUA que indicam que a prática de ignorar mecanismos de segurança para não interromper a rotina de produção é recorrente entre operadoras de plataformas petrolíferas. Em lugar de atender às normas de prevenção de acidentes, as empresas preferem pagar multas.

Fauna ameaçada

No início do vazamento, a empresa BP chegou a recrutar presidiários para executar os trabalhos de limpeza, em lugar de pessoal com qualificação específica. Esta semana, a ONG Mother Nature Network, que monitora a fauna no Golfo do México, divulgou que dez espécies nativas da área estão já ameaçadas de extinção – estágio mais grave do que apenas "ameaçadas".

Entre elas, estão a baleia cachalote, o peixe-boi do Golfo (mamíferos), o peixe-serra, o atum-rabilho, o esturjão do Golfo (peixes), o pelicano-pardo e a batuíra-melodiosa (pássaros), além de corais-pétreos e tartarugas marinhas.

Um caso específico, o da arraia do Golfo (chamada "batfish" em inglês), é destacado pela Mother Nature Network porque esta espécie só foi descoberta meses atrás, justamente durante a exploração submarina para conter o acidente, e que o animal só foi encontrado na região imediatamente em torno do poço de onde vazou petróleo. "É possível que o momento em que eles foram descobertos tenha sido também a última vez em que serão vistos", disse a entidade.

Além destas, outras 600 espécies devem ter redução do número de indivíduos, segundo a ONG.

Fonte: Opera Mundi