Piñera vive dilema com proposta da Igreja para anistiar militares
O presidente chileno, Sebastián Piñera, enfrenta o primeiro grande dilema desde que assumiu o cargo, em março, diante de uma proposta, que recebeu esta semana da Igreja Católica, de conceder indultos a milhares de presos, incluindo militares que cometeram crimes durante a ditadura militar (19731990). Piñera deve apresentar sua decisão em relação ao documento no fim de semana, enquanto enfrenta forte pressão de familiares de vítimas da ditadura para rechaçá-lo.
Publicado 23/07/2010 12:08
Num sinal de que pode descartar a proposta católica, Piñera discorreu, durante encontro com líderes da Igreja, sobre as complicações de outorgar indultos, pois a medida não “reforça a unidade nacional”. Anteriormente, ele havia dito que evitaria mexer com a história chilena.
A situação do presidente é ainda mais complicada por ele ser associado por muitos eleitores de esquerda a Pinochet, já que sua biografia se cruza com o regime ditatorial em vários momentos. Além disso, a proposta tem simpatizantes no partido de Piñera, Renovação Nacional, e é bem acolhida pelo outro partido do governo, UDI.
O documento entregue a Piñera pela Igreja propõe reduzir a pena de todos os presos idosos e doentes, incluindo os que cometeram crimes durante a ditadura. “Nem todos tiveram responsabilidades iguais”, alega o texto. A medida poderia beneficiar ao todo 45 mil presos, dos quais 60 condenados por violar direitos humanos.
A proposta provocou reação negativa de Milton Juica, presidente da Corte Suprema: "Os indultos e a anistia não deveriam coexistir em regimes democráticos como o que temos aqui", disparou.
Enquanto Piñera não se resolve, seu governo se choca tanto com a Igreja quanto com familiares de vítimas. Adicionando mais um ingrediente à controvérsia, o presidente receberia ontem líderes evangélicos que entregariam uma proposta própria sobre a questão.
Fonte:O Globo