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Foro de São Paulo termina com críticas ao imperialismo

Após quatro dias de discussões, em diferentes locais da capital argentina, a 16ª reunião do Foro de São Paulo terminou com a divulgação de um documento final centrado em críticas ao "fragilizado imperialismo dos Estados Unidos" e ao neoliberalismo – doutrina que defende a liberdade do mercado e restrições à presença do Estado na economia.

O documento – aprovado por consenso pelos representantes de 23 países latino-americanos e caribenhos e de 54 partidos políticos e organizações não governamentais – apresenta uma série de propostas de conteúdo político e social, além de denúncias sobre o colonialismo e as intervenções na soberania nacional de países latino-americanos.

O Foro recomendou, por exemplo, que os governos latino-americanos levem à Organização das Nações Unidas (ONU) o debate sobre a autodeterminação e independência da população de Porto Rico, território autônomo dos Estados Unidos localizado no mar das Caraíbas. De acordo com o documento final da entidade, "a falta de soberania é um impedimento para a plena integração latino-americana e caribenha e para a geração de alternativas econômicas".

O documento também critica as bases militares norte-americanas na Colômbia, uma vez que elas "contribuem para desestabilizar a América Latina e o Caribe, incrementando a violência e a apropriação de terras pertencentes a comunidades indígenas, afrodescendentes e camponeses".

Além disso, afirma que "a direita, na Colômbia, utilizou todo seu aparato propagandístico para manter-se no governo. Juan Manuel Santos representa um substituto confiável ao regime político tradicional e belicista, ao governo dos Estados Unidos e aos interesses norte-americanos na região, apoiados pelo ex-presidente (Álvaro Uribe)".

O documento diz que "o povo colombiano e seus irmãos da América Latina nada podem esperar de um novo governo que promove leis contra os direitos sociais e intensifica a exploração dos recursos naturais, além de continuar com a política de segurança e guerra no interior no país. Qualquer conquista será ao custo de dura luta e de mobilizações contundentes". O Foro manifestou solidariedade e respaldo à oposição política colombiana que luta "pela democracia, pela paz, pela verdade, pela justiça e pela reparação".

A democratização da comunicação foi outro tema discutido no Foro de São Paulo. O documento final afirma que a comunicação deve ser valorizada como um direito humano, e não como uma mercadoria, e já se tornou um tema constante da agenda de muitos países da América Latina. O documento afirma que é necessária a existência de uma "pluralidade e diversidade de vozes e que o Estado exerça papel de protagonista nessa tarefa, com a formulação de políticas públicas e colocando limites à concentração dos meios de comunicação".

O documento diz ainda que as organizações sociais e as diversas estruturas políticas da América Latina do Caribe devem construir uma rede de meios próprios de comunicação para que exista a integração regional. "Neste sentido, torna-se prioritária a elaboração de conteúdo próprio e maior coordenação entre as organizações e os seus meios de comunicação no que se refere aos trabalhos que se realizam em cada país, socializando os sites na internet como um local onde se pode encontrar informações confiáveis", diz o documento.

A 17ª reunião do Foro de São Paulo será realizada no ano que vem em Manágua, capital da Nicarágua.

O secretário nacional de Comunicação do Partido Comunista do Brasil, José Redinaldo Carvalho, que representou o partido no Foro com o secretário Relaçõies Internaconais, Ricardo Abreu Alemão, declarou que o 16º Encontro do Foro de São Paulo foi um passo adiante na luta antiimperialista e contra as classes dominantes que atuam como freio às mudanças e fator contra-revolucionário no quadro atual da América Latina. Reinaldo ressaltou ainda a atualidade da luta para afiançar as forças de esquerda, num ambiente em que não são poucos os sinais de confusão ideológica.

Com agências
Atualizado em 21 de agosto às  21h54