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Cristina Kirchner defende integração de países latino-americanos

A presidente argentina Cristina Kirchner recebeu na noite desta quinta-feira (19) uma delegação do Foro de São Paulo, que realiza na capital portenha o seu 16º Encontro, no marco das celebrações do 20º aniversário de fundação do Foro. A audiência transcorreu na Casa Rosada, palácio presidencial, no Salão das Mulheres Argentinas. O espaço é uma homenagem, feita pela atual presidente, às mulheres que dedicaram suas vidas ao país, nos mais diversos campos de atuação.

Ao final da audiência as delegações dos partidos de esquerda visitaram outro espaço da Casa Rosada inaugurado por Cristina Kirchner, a Galeria dos Patriotas Latinoamericanos, com retratos dos grandes próceres das lutas pela independência da América Latina. Ali, entre outras insignes personalidades latino-americanas, figuram os retratos dos brasileiros Tiradentes e Getúlio Vargas.

O secretário executivo do Foro, Valter Pomar, informou sobre os debates realizados e as posições do Foro de São Paulo em defesa da integração latino-americana. O dirigente petista brasileiro homenageou Ana Maria Stuart, a saudosa Nani, argentina radicada no Brasil, que faleceu em 2008. Nani foi durante cerca de duas décadas a coordenadora da Secretaria de Relações Internacionais do PT brasileiro e junto a Marco Aurélio Garcia coordenava as atividades do Foro.

O PCdoB, que participa do 16º Encontro, também esteve presente na audiência com a presidente, representado por Ricardo Abreu, secretário de Relações Internacionais, José Reinaldo Carvalho, secretário nacional de Comunicação, e Ronaldo Carmona, da Comissão Internacional. Cristina Kirchner declarou que foi uma grande honra receber o Foro de São Paulo na Argentina, no ano do bicentenário da independência de seu país. A presidente manifestou sua vontade de compartilhar as reflexões sobre os 20 anos do Foro de São Paulo.

Nacionalismo popular

Reivindicando-se como integrante da corrente do nacionalismo popular, a presidente Cristina Kirchner disse que “a crise do neoliberalismo nos obriga a abrir a cabeça para interpretar, orientar e dirigir as mudanças que estão ocorrendo no mundo em função dos nossos objetivos históricos de melhorar a vida das pessoas”.

Cristina Kirchner informou os partidos presentes sobre uma das grandes conquistas de seu governo, que foi o enfrentamento da questão dos direitos humanos e do resgate da memória, da verdade e da justiça. Ela disse que quando assumiu o governo o tema não aparecia em nenhuma pesquisa e “parecia uma questão encerrada”. Hoje, graças à ação do governo em comum com os movimentos pelos direitos humanos, os responsáveis pelas torturas, desaparecimentos e assassinatos políticos estão sendo julgados, condenados e presos.

Na presença de Manuel Zelaya, presidente legítimo de Honduras, que também participou da solenidade, Cristina Krichner condenou mais uma vez o golpe no país centro-americano e criticou a mídia, dizendo que esta faz parte dos mecanismos de controle sobre a sociedade, citando a expressão do jornalista francês Ignácio Ramonet – “ferros mediáticos”.

Integração

A presidente da argentina referiu-se à conjuntura latino-americana como uma “situação única, inédita”, enfatizando a criação de mecanismos de integração e consulta entre os governos e que têm sido eficazes na solução de crises. Aludindo à recente crise entre a Colômbia e a Venezuela que Lula e Nestor Kirchner, este na condição de secretário-geral da Unasul, ajudaram a resolver, a presidente afirmou que antes, na ausência de tais mecanismos situações como estas teriam sido usadas como pretexto para intervenções militares.

Cristina Kirchner também comemorou a fase de crescimento econômico e ressaltou “a grande luta para melhorar a qualidade de vida das pessoas e distribuir renda”.

Para ela, seu governo e os governos democráticos e populares do continente estão realizando uma “grande batalha política, social e cultural e solidificando projetos de nação”. Afirmou ainda que os processos em curso no continente são diferentes entre si, mas têm em comum uma característica essencial – todos representam os interesses da maioria da sociedade.

Os partidos de esquerda ouviram da presidente argentina uma clara defesa da soberania nacional: “O fio condutor desse processo é a representação da maioria da sociedade e a defesa da nação. Antes os funcionários do FMI que monitoravam nossas economias vinham aqui como se fossem vices-reis. Hoje isso acabou”.

Cristina Kirchner fez digressões sobre a situação mundial, afirmando que “o mundo vive período de vertiginosas mudanças, um mundo multipolar, multicultural, multirreligioso, com novos atores, novos modelos multilaterais de organização econômica”. Defendeu a reforma das Nações Unidas, a democracia como único âmbito para realizar transformações e concluiu com uma enfática sentença: “É imprescindível que a América do Sul seja um território de paz”.

José Reinaldo, de Buenos Aires