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Foro de São Paulo é um marco da reorganização da esquerda

O secretário nacional de Comunicação do Partido Comunista do Brasil, José Reinaldo Carvalho, que integra a delegação brasileira ao 16º Encontro do Foro de São Paulo, que tem lugar em Buenos Aires desde o dia 17, fez uma intervenção durante a plenária geral do evento, sobre o significado do Foro de São Paulo no transcurso dos 20 anos de sua fundação.

O Foro de São Paulo surgiu por iniciativa do líder do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, em julho de 1990. A convocação do Partido dos Trabalhadores brasileiro ganhou importante adesão entre as forças de esquerda latino-americanas. Entre estas, o Partido Comunista do Brasil.

Na opinião do dirigente do PCdoB, a criação do Foro de São Paulo em 1990 foi um dos marcos mais importantes para a reorganização da esquerda na América Latina e no mundo, num quadro de dispersão provocado pela contra-revolução de finais dos anos 1980, início dos 1990 no Leste Europeu.

Luta anti-imperialista

José Reinaldo lembrou que naquela mesma conjuntura o imperialismo estadunidense vivia uma espécie de vertigem e euforia triunfalista. Para exemplificar, ele lembrou o discurso do então presidente dos Estados Unidos, George Bush, pai, perante o Congresso norte-americano: “Com a graça de deus, a América venceu e se transformou não somente no líder do Ocidente, mas também no líder de todo o mundo”.

Segundo o secretário do PCdoB “era o começo de uma brutal ofensiva política, econômica, militar e ideológica do imperialismo para impor seu domínio em todo o mundo”. “Com falsos pretextos, prosseguiu Zé Reinaldo, esse imperialismo fez duas guerras contra o Iraque e a guerra no Afeganistão, que prosseguem nos dias de hoje, intensificou a militarização do planeta, com o aumento dos gastos militares, a expansão da Otan e das bases militares, inclusive na América Latina. O sistema capitalista vivia uma fase de maior concentração e maior transnacionalização à qual correspondiam e ainda correspondem as políticas neoliberais que atacam os direitos dos trabalhadores e as soberanias nacionais dos povos”.

Este era, na opinião do representante do PCdoB, o contexto em que foi fundado o Foro de São Paulo, “como parte da resistência dos povos, das forças progressistas e revolucionárias àquela ofensiva”. Sendo assim, disse Reinaldo, “o Foro de São Paulo nasceu com caráter antiimperialista e força de oposição antagônica ao capitalismo neoliberal”.

Recorrendo aos documentos de base e às resoluções dos Encontros do Foro de São Paulo ao longo das últimas duas décadas, o dirigente do PCdoB opinou que “desde o primeiro momento o Foro de São Paulo se proclamou em oposição frontal ao neoliberalismo e às políticas agressivas do imperialismo norte-americano”.

Ao mesmo tempo, acrescentou, “no marco da pluralidade de concepções políticas e ideológicas, o Foro de São Paulo reafirmou a luta histórica das esquerdas pelo socialismo”. “Os partidos comunistas" – lembrou – "desde o primeiro momento se incorporaram ao Foro de São Paulo e nele permanecem, compreendendo seu elevado papel nas lutas atuais”.

Resistência latino-americana

Ao fazer o balanço positivo da atividade do Foro ao longo de 20 anos, José Reinaldo disse que uma das suas tarefas que alcançou maior êxito foi a elaboração de plataformas políticas e análises, com prioridade para o combate por uma América Latina independente, integrada, com prosperidade econômica e progresso social. Na opinião do dirigente do PCdoB, “as ideias que amadureceram no Foro de São Paulo nestas duas décadas fazem parte das plataformas eleitorais e da atuação dos governos democráticos, populares e progressistas da América Latina e Caribe”.

Reinaldo fez uma grande valorização da unidade política entre as forças que atuam no Foro: “O Foro de São Paulo criou um novo ambiente, um novo marco, um novo paradigma no desenvolvimento das relações entre os partidos políticos progressistas da América Latina e Caribe. Aqui, o ponto de partida, o caminho e o ponto de chegada é a uma unidade. Se pudéssemos definir em uma só palavra qual é a nossa mais importante conquista, diríamos que é a unidade". Por isso – enfatizou – "seguiremos adiante reforçando-a, porque a unidade é a grande ferramenta e a bandeira da esperança e das lutas de nossos povos”.

Para o dirigente do PCdoB, no novo quadro político latino-americano o Foro de São Paulo é ainda mais indispensável. “Ele continua vigente, atual, desempenhando importante papel político. O PCdoB continuará empenhado no seu fortalecimento, pois isto é indispensável para consolidar a unidade dos partidos populares, progressistas e de esquerda da América Latina e do Caribe, para aprofundar os avanços democráticos, defender a soberania nacional e lutar pela justiça social e a integração regional”.

Crise do capitalismo

Em rápidas palavras, o secretário de Comunicação do PCdoB resumiu a situação internacional atual: “Hoje vivemos uma situação diferente da de 20 anos atrás. O imperialismo estadunidense continua agressivo, mais agressivo do que nunca, mas exibe cada vez mais os sinais de seu declínio. O capitalismo vive momentos agudos de sua crise estrutural e sistêmica. Os povos resistem, lutam e avançam. O cenário político da América Latina e Caribe o demonstra claramente, na vigência e consolidação da Revolução Cubana, no aprofundamento da Revolução Bolivariana da Venezuela e nos avanços de todos os processos democráticos, populares, patrióticos e progressistas na região”.

Zé Reinaldo encerrou a sua intervenção referindo-se ao Brasil: “Os dois mandatos do presidente Lula (2003-2010), constituíram um passo histórico importante na luta por um país soberano, democrático e dotado de novo modelo de desenvolvimento econômico e social. Há muito ainda por fazer, pois as classes dominantes reacionárias constituem um obstáculo ao aprofundamento da democracia e ao combate às desigualdades sociais. Seguiremos dando novos passos agora com o terceiro mandato democrático e popular através da eleição de Dilma, sob a palavra de ordem de ‘avançar, avançar e avançar’. Também no Brasil, a unidade das forças progressistas é o ‘segredo’ da vitória. É a bandeira da esperança”.

Da Redação