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Bernanke promete mais dinheiro para reanimar economia dos EUA

Na abertura dos trabalhos do simpósio anual do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) em Jackson Hole, o presidente da instituição, Ben Bernanke, disse que o banco vai fazer "tudo o que puder" para assegurar a continuação da recuperação econômica.

"O Comitê está preparado para aumentar a ajuda financeira adicional através de medidas não convencionais se necessário, especialmente se as previsões para a economia se agravarem significativamente", disse.

O presidente da Federal Reserve (banco central americano) fez uma análise detalhada da economia americana, em que reconheceu que o crescimento em 2009 foi "demasiado lento" e o desemprego foi "muito elevado".

Bernanke antecipou ainda que "parecem estar a caminho" várias medidas de apoio à economia, mencionando incentivos fiscais, apoios ao investimento e ao consumo privado. Ele acredita que "estão reunidas" as condições prévias para que se registre um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) americano em 2011.

Duplo mergulho

As autoridades já injetaram trilhões de dólares na economia estadunidense para contornar a crise, mas até agora os resultados colhidos foram decepcionantes, especialmente para o povo trabalhador. O estímulo favoreceu principalmente grandes instituições do sistema financeiro, que foram resgatados da falência e voltaram a exibir gordos lucros e pagar gordos e escandalosos bônus aos seus acionistas.

O dinheiro público também fluiu para os mercados de capitais, incrementando o valor das ações e os negócios da bolsa. A recuperação é uma realidade para os bancos e investidores, mas não se pode falar o mesmo em relação à classe trabalhadora.

Pouco foi feito em defesa do emprego e das casas dos trabalhadores e trabalhadoras. O desemprego continuou em alta. Os despejos, idem. A economia real está estagnada e o risco de um duplo mergulho na recessão é o tema polêmico que domina a conjuntura econômica mundial e perturba o funcionamento das bolsas.

Adicionalmente, o socorro aos bancos agravou os desequilíbrios que caracterizam a economia dos EUA, alavancando o déficit público (que deve ficar em torno de 1,5 trilhão de dólares neste ano) e exacerbando a dependência e vulnerabilidade externa de Tio Sam, que precisa do capital estrangeiro, proveniente principalmente da China, para financiar o déficit e fechar as contas.

É da natureza do Estado capitalista servir aos interesses do capital, que no caso é dominado por uma pequena oligarquia financeira. Se os recursos queimados com os bancos fossem usados no combate ao desemprego, investimentos produtivos e ajuda aos mutuários inadimplentes que hoje estão sendo despejados é mais do que provável que a economia dos EUA tivesse superado a recessão (iniciada em dezembro de 2007) e trilhasse agora o caminho do crescimento, a exemplo do que ocorre com China, Índia e Brasil, entre outros.

Da redação, Umberto Martins, com agências