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Lula inaugura projeto em favela do Rio e promete Estado forte

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ressaltou nesta segunda-feira (30) que a situação de violência nas favelas brasileiras é fruto do desprezo do Estado brasileiro com as pessoas mais pobres. “Aquela favela, que inspirava enredo de escola de samba, foi virando um lugar violento e começou a aparecer apenas nas páginas policiais dos principais jornais brasileiros.”

Lula no Morro Santa Marta

Lula participou, no Morro Santa Marta, na zona sul da cidade do Rio, do lançamento de um projeto de turismo que vai transformar comunidades pacificadas cariocas em pontos turísticos. Ele destacou que é possível ter paz quando o Estado cumpre sua função, oferecendo educação, saúde, cultura, lazer e segurança. Para Lula, criar oportunidades de estudo e trabalho é condição fundamental para que se possa “sonhar um dia” que a violência diminua no Brasil.

“Criar oportunidades para as pessoas trabalharem e estudarem é condição fundamental para que a gente possa sonhar um dia que a violência que possa ter em qualquer bairro do Brasil seja aquela violência normal, que acontece em todas as boas famílias do mundo, ou seja, as discussões caseiras e as discussões sobre futebol”, disse Lula.

Polícia Pacificadora

O presidente também elogiou o modelo de policiamento comunitário adotado no Rio de Janeiro, as chamadas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), e disse que espera ver, em breve, o modelo implantado em todo o país.

“A polícia não é para vir de quando em quando dar uns tiros e voltar. A polícia tem que vir e aprender a viver com a comunidade. O que o governo do Rio de Janeiro está fazendo é mostrar que é possível fazer com que a polícia conviva com a comunidade, que seja tratada como se fosse da comunidade e que trate a comunidade com respeito e dignidade”, disse Lula.

Lula afirmou ainda que é preciso “cortar o nome favela” das cidades brasileiras, para que as áreas carentes sejam definitivamente integradas à cidade. “Somos de uma geração que precisa correr atrás do tempo perdido para que as futuras gerações não precisem chamar de favela. Que tudo seja bairro, vamos cortar o nome favela”, disse o presidente, aplaudido por moradores em um palco improvisado no camarote da quadra de uma escola de samba do Morro Dona Marta, também chamado de Santa Marta, em Botafogo, zona sul da cidade.

VIdro blindado

Chamado de “amigo da comunidade” pelo presidente da associação de moradores, Lula sentiu-se à vontade para brincar com o prefeito Eduardo Paes, ao socorrê-lo diante de uma gafe. Paes, depois de elogiar o projeto das UPPs e de contar que o vidro do gabinete do palácio da cidade havia sido blindado na gestão do prefeito Luiz Paulo Conde, confundiu-se e trocou o nome da favela, chamando o morro de “Santa Bárbara”.

Lula, então, pôs seu carisma a serviço do alcaide para evitar estrago maior: “É Santa Marta, viu, Eduardo. Mas tudo bem, quem não é daqui não tem obrigação de conhecer. Somente nós da comunidade é que sabemos que é santa marta”, brincou, arrancando risos da plateia.

Antes de Lula tinham discursado Eduardo Paes e a primeira-dama do estado, Adriana Ancelmo, que representava o governador Sérgio Cabral. Ambos deram um jeito de lembrar o nome de Cabral, impedido de participar de inaugurações pela lei eleitoral.

“Não posso falar o nome do governador Sérgio Cabral, mas faço questão de registrar aqui”, disse o prefeito Eduardo Paes, antes de elogiar as Unidades de Polícia Pacificadora e de citar sua experiência pessoal. O prefeito foi o primeiro a discursar, seguido da primeira-dama do estado, Adriana Ancelmo, que também não desperdiçou a chance de registrar o nome do marido. “Tínhamos muitos moradores de Botafogo que não podiam vir aqui. Faço um agradecimento ao governador Sérgio Cabral, que eu não podia falar, mas vou”, tentou justificar.

Rio Top Tour

O Rio Top Tour, lançado no Dona Marta, deve ser estendido a todas as favelas que receberam UPPs. O projeto recebe recursos do Ministério do Turismo e do governo do estado para capacitar jovens das próprias comunidades para guiar visitantes. “O turismo que se desenvolve aqui é local, da cidade. Tínhamos muitos moradores de Botafogo que não podiam vir aqui”, defendeu Adriana Ancelmo.

O evento no Dona Marta teve também a entrega dos dois primeiros cheques de um programa de financiamento ao empreendedorismo promovido pela agência estadual de fomento, a Investe Rio. “Isso aqui é um empréstimo. Não é dinheiro dado, não”, brincou Lula, dirigindo-se aos moradores.

O presidente destacou também o fato de as UPPs permitirem que a favela fosse visitada por pessoas da comitiva presidencial que nunca tinham pensado em subir o morro. Lula estava acompanhado dos ministros Márcio Fortes, das Cidades, Luiz Paulo Barreto, da Justiça, Nilcéa Freire, da Secretaria Especial de Política para as Mulheres, e do presidente do Sebrae, Paulo Okamoto.

Com agências