Fecosul debate discriminação das mulheres nos locais de trabalho

Estudo do Dieese aponta que mulheres trabalhadoras no comércio, da grande Porto Alegre, recebem 79,69% do salário dos homens, que corresponde a R$ 4,11 a hora, enquanto os homens recebem R$ 5,16. Elas trabalham em média 44 horas semanais, a maioria delas têm entre 25 e 39 anos, e são casadas. A maternidade é importante para as comerciárias, pois mais de 60% têm filhos e, na maioria em idade escolar.

Encontro de mulheres - Amanda Fernandes

Este perfil foi apresentado no 4º Encontro da Mulher Trabalhadora no Comércio e Serviços do RS, realizado pela Secretaria da Mulher da Fecosul, nesta quinta-feira (2), que teve como tema: Mulheres pelo desenvolvimento nacional com valorização do trabalho e justiça social.

O encontro também abordou a violência contra a mulher nos locais de trabalho, em casa e na sociedade em geral. A juíza, Madgeli Frantz Machado, do Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, falou que em Porto Alegre tem 14 mil processos que tratam de violência contra mulher. “São 150 por semana que entram na Justiça”, informa a juíza que atende em quatro regiões da capital gaúcha, aproximando a justiça das mulheres. “Tanto a Lei Maria da Penha quanto a proximidade da justiça com as vítimas aumentou o índice de denúncias e processos”, declarou a doutora Madgeli.

Sobre a saúde da mulher, Maria Noelci Teixeira Homero, a Noho, da Rede Feminista de Saúde, falou de modo abrangente. “A saúde é física, é psicológica, é financeira, é moral, é social”, disse a painelista. Com grande clareza tratou da discriminação das mulheres, seja por raça, cor, religião, classe social, ou simplesmente por ser mulher. Mas Noho foi mais longe falou das discriminações das pessoas por suas diferenças e por suas escolhas, no sentido mais amplo das palavras. Para finalizar disse que é preciso exigir políticas públicas de Estado na área da saúde que atendam mulheres e homens nas suas especificidades, diferenças e opções.

Responsabilidade compartilhada

Outro assunto tratado foi o da responsabilidade compartilhada, com Rúbia Abs da Cruz, da Themis Assessoria Jurídica e Estudos de Gênero. Ela falou da Convenção 156 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), ainda não ratificada pelo Brasil. “Esta convenção trata da condição de homens e mulheres com responsabilidades familiares mais igualitárias. Sem discriminação no local de trabalho, de homens e mulheres, por raça, cor, sexo, por serem ou não casados, por terem ou não terem filhos, entre outros”, explicou a especialista. Rúbia disse também que os movimentos sociais devem lutara para alcançar a ratificação desta convenção que trará mais igualdade para todos.
Para a secretária da Mulher da Fecosul, Silvana Maria da Silva, o encontro correspondeu as expectativas tanto pela riqueza dos debates como pela participação de mulheres e homens. “Os temas tratados estão dentro das principais políticas públicas que queremos para as mulheres, e que vem ao encontro da necessidade de mudarmos o rumo da sociedade”, definiu Silvana.

Já no que diz respeito ao cenário político atual, a secretária da Mulher da Fecosul, destaca que “ficou claro que precisamos continuar na defesa do projeto político com rumo ao avanço na defesa de uma sociedade mais justa, igualitária e com qualidade de vida para toda a sociedade”. “Neste sentido, nas eleições de outubro, precisamos eleger políticos comprometidos com a luta dos trabalhadores e das trabalhadoras”, pontuou Silvana.

Debate importante

Conforme a coordenadora da Mulher da CNTC (Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio), Maria Bernadete Lieuthier, o encontro foi muito valioso pelos temas discutidos e pelo momento atual de proximidade das eleições. “Estes debates são importantes porque a categoria ainda não tem este movimento entre as mulheres. As mulheres têm um poder tão grande de mudança e não estão sabendo usar este poder”, afirma Bernadete. Ela acrescenta também as mulheres precisam avançar mais nas suas discussões pra por em prática as resoluções do 3º Congresso Nacional dos Trabalhadores no Comércio, realizado em maio.

Para concluir, Bernadete chama a atenção das mulheres para trabalharem mais para termos mais representação no Congresso Nacional. “Somos 52% da população e não temos uma representatividade de acordo, precisamos de deputadas e senadoras comprometidas com as lutas das mulheres e com os trabalhadores em geral”, finalizou a líder sindical.

Prestigiaram o encontro Lérida Pavanello, Secretaria da Mulher da CTB/RS, e o presidente licenciado da Fecosul e da CTB/RS, Guiomar Vidor.

De Porto Alegre
Marcia Carvalho