Faltam políticas públicas para jovens

Temas como Segurança Pública, Cidadania e Juventude foram abordados no primeiro dia do Seminário A UFRN e as Eleições 2010 no RN: Desafios e Perspectivas para o Próximo Governo. Dentre esses assuntos o que mais chamou a atenção dos participantes foi a falta de políticas públicas voltadas para os jovens.

Desafios e perspectivas para o próximo governo foram debatidos durante seminário promovido pela Universidade Federal do RN em parceria com a Tribuna do Norte.
Um relatório apresentado pela professora do Departamento de Psicologia da UFRN, Ilana Lemos, mostra que dos 159 homicídios, 65 vítimas eram jovens com idade entre 15 e 24 anos. Ainda segundo a professora entre os anos de 1994 e 2004 houve um aumento de 64,2% dos homicídios nessa faixa etária. “Durante muitos anos os governantes deixaram a juventude de lado. Focaram-se na infância e deixaram os jovens de lado. Esperando talvez, que eles chegassem na vida adulta sem problemas. O que não é possível”, disse Ilana.

O aumento da violência, nessa faixa etária, se deve justamente pela ausência ou precárias ações de socialização dos jovens. Fazendo com que esse se sentisse invisível diante da sociedade. E para alguns, a criminalidade e o uso de armas, acabou sendo a forma – errada- de ganhar visibilidade. “É preciso que os governantes saiam da mesmice das propostas de políticas públicas para a juventude e criem ações que realmente interessem ao jovens. Projetos ligados ao esporte, a cultura e o lazer, que podem inseri-los na sociedade", disse a professora.

E não apenas políticas públicas de repressão como vem sendo discutido. A redução da maior idade penal é um exemplo. Além de ações gerais, que não levam em consideração o perfil de cada região e não um pacote. Para que essas ações sejam elaboradas, é preciso que os governantes conheçam o perfil dos seus jovens e não criar um pacote de ações, que não atraem esse público.

O debate sobre Cidadania foi comandado pela professora Irene Paiva, do Departamento de Ciências Sociais. O RN tem registrados avanços nesse aspecto, mas ainda falta muito a ser feito. Segundo ela é preciso criar políticas de inclusão que alcancem toda a sociedade e não apenas uma pequena parte. “É preciso garantir saúde, educação e trabalho de qualidade. Esses são alguns requisitos básicos para se ter um mínimo de qualidade de vida. Como ter cidadania ganhando menor de R$700,00?”, disse Irene Paiva.

Balanço

O Pró-Reitor de Extensão da UFRN, Cipriano Maia de Vasconcelos, avaliou como positivo o primeiro dia do Seminário. “Esses debates servem para revelar os problemas das políticas públicas apontando os desafios e mostrando que a solução desses problemas passa pelo diálogo com a população”, disse Cipriano.

Desenvolvimento humano e econômico

Os desafios e perspectivas para o próximo governo estão em pauta no auditório da Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). No seminário realizado pela Pró-reitoria de Extensão Universitária da UFRN, em parceria com a TRIBUNA DO NORTE, cuja abertura foi realizada ontem pela manhã, os desafios e necessidades da educação, cultura, ciência e tecnologia estão sendo discutidos por professores, alunos, representantes políticos e convidados especiais. O evento, que prossegue hoje, é uma preparação para o debate entre os governadoráveis que será exibido dia 20 de setembro às 21h30 pela TV Universitária, Rádio Globo, FM Universitária e pelo portal TN online.

A abertura do evento foi feita pela vice-reitora Ângela Maria Paiva Cruz, representando o reitor José Ivonildo do Rêgo. “Os temas tratados neste seminário são os pilares que definem o futuro de um país através da discussão entre os agentes sociais”, comenta. Além da vice-reitora estavam presentes o pró-reitor de extensão, Prof. Cipriano Maia de Vasconcelos, o coordenador do seminário, Prof. Wagner Molina e o diretor de redação da TRIBUNA DO NORTE, Carlos Peixoto.

“O papel do jornal não é mais espalhar apenas informações e sim contribuir para a geração do conhecimento”, afirma Peixoto. A superintendente de comunicação da UFRN, Professora Josimey Costa, avalia o evento como de fundamental importância para o fomento do senso crítico entre a comunidade acadêmica que ela julga ser os futuros formadores de opinião. “A universidade é um centro onde devem ser pensadas as questões sociais e políticas”.

Dividido em dois dias, o seminário aborda os diversos temas que permeiam a administração pública: segurança, educação, desenvolvimento, saúde e assistência social. Na manhã de ontem foi apresentado o painel Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia, assunto que desperta interesse em muitos alunos e representantes políticos.

Foram exibidos dados sobre o déficit da educação nas esferas estadual e municipal, a falta de investimentos em ações contínuas nas áreas culturais e de pesquisa científica.
A educação no estado foi um dos pontos mais discutidos durante a apresentação devido aos dados que ilustram o caos educacional que o RN enfrenta hoje. O índice de evasão escolar e reprovação são um dos maiores do país com números que chegam a 23,6%, quando a média nacional não ultrapassa os 16%.

O Prof. Márcio Araújo, do Departamento de Artes, fez uma explanação sobre o desenvolvimento da cultura no estado e condenou as manifestações culturais que só ocorrem de tempos em tempos, como os eventos de fim de ano. “A prefeitura e o governo só investem em eventos sazonais e cortejos, esquecendo que a cultura não se resume a espetáculos que atraem grande público”. Ele complementa citando exemplos de que o teatro, por exemplo, é um dos meios culturais que necessita ser preservado corretamente.

A apresentação da Prof. Maria Bernadete sobre ciência e tecnologia, fez uma leitura panorâmica da realidade científica brasileira e local. Bernadete apresentou dados estaduais em relação aos investimentos em desenvolvimento tecnológico e confirmou que o RN está aquém de muitos estados brasileiros. Enquanto estados como São Paulo e Rio de Janeiro investem em média 2% da arrecadação do ICMS em pesquisa tecnológica, o RN só investe 0,25% dos tributos arrecadados por este imposto. “As pessoas têm pressa e desconhecem que a tecnologia é um processo de pesquisa que demanda tempo”, comentou Bernadete. No Brasil, existem secretarias de tecnologia em funcionamento em 20 estados, nos quais o RN não está incluído.

Desafios

Os principais desafios a serem enfrentados pelos próximos governantes foram apontados pelos professores durante suas apresentações. Assegurar o financiamento em todos os níveis educacionais, investir na melhoria do ensino e na infraestrutura das escolas, além da valorização do magistério, foram apontados como de suma importância para o programa de governo dos próximos líderes.

Os desafios na área cultural e científica têm o mesmo viés: a falta de investimentos e a criação de órgãos gestores. “Não se pode colocar pessoas para gerir cultura apenas por apadrinhamento”, ressalta Araújo.

A Profª Bernadete enfatiza que cobrará mais ações do próximo governo pois a ciência e tecnologia têm papel decisivo na geração e distribuição de renda do estado. “O plano de ciência e tecnologia do RN está defasado desde 2002. Precisa-se atualizar isso e criar um banco de dados para o RN”.
 

Tribuna do Norte