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Os 120 anos da dama do crime

Ela não frequentou a escola por determinação da mãe e estudou em casa. Começou a escrever histórias para se distrair e agradar aos convidados dos pais. A menina cresceu, casou-se e trabalhou como enfermeira durante a Primeira Guerra. Só depois disso, em 1920, lançou seu primeiro romance: O Misterioso Caso de Styles. Contando assim, quem poderia supor que se trata da “dama do crime”, da “rainha do mistério”, Agatha Christie.

Foi somente aos 30 anos que a escritora de livros de mistério mais famosa do mundo publicou sua primeira obra, e a partir de então não parou mais. Ao longo de sua vida, Agatha escreveu 66 novelas policiais, 20 peças teatrais, seis romances e mais de 150 contos. Tudo isso rendeu cerca de 2 bilhões de exemplares vendidos em todo o mundo.

A mestre das histórias de suspense morreu em 1976, aos 85 anos, de causas naturais e em casa. Mas é o nascimento da escritora que é lembrado hoje, dia 15 de setembro. Em 2010, são celebrados 120 anos com muitas histórias de sucesso para contar e uma produção textual quase que industrial.

As tramas de Agatha deixaram personagens famosos para a história da literatura, como o belga Hercule Poirot (um detetive que colocava suas “celulazinhas cinzentas do cérebro” para funcionar) e Miss Marple (a idosa que, com boa observação e muita inteligência, resolvia os mais difíceis mistérios).

A casa em que Agatha costumava passar férias, em Devon, na Inglaterra, tornou-se patrimônio do National Trust e foi restaurada. O lugar, conhecido como Greenway House, é aberto à visitação, foi construído na década de 1950 e contém documentos e livros da família, incluindo pesquisas do segundo marido de Agatha, o arqueólogo Max Mallowan.

O contínuo sucesso da escritora tem explicação. O professor de literatura Fábio Messa afirma que, depois de Edgar Allan Poe, Agatha Christie foi a responsável por inaugurar o gênero policial britânico e inovar os parâmetros já existentes. Nos romances dela, a cena do assassinato em si, os sentimentos pelo crime não são apresentados. Ao ler o livro, o leitor se depara com uma cena de morte/desaparecimento pronta a ser investigada e, com isso, tem um quebra-cabeça para resolver.

Na opinião de Messa, o fascínio exercido pelos livros de Agatha se deve à construção do texto com elementos essenciais que atraem leitores iniciantes. "São narrativas com todos os ingredientes necessários para atrair a atenção de um leitor em formação", afirma o autor do livro O Gozo Estético do Crime – Dicção Homicida na Literatura Contemporânea, publicado em 2008, pela editora da Unisul.

Fonte: Jornal de Santa Catarina