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Bento XVI visita Reino Unido e vê protestos contra pedofilia

Em manifestação diante da rainha britânica Elizabeth II, chefe da Igreja Anglicana, na cidade de Edimburgo, Escócia, o papa católico Bento XVI vociferou contra o que chama de "secularismo agressivo", por, segundo alega, "não apreciar ou sequer tolerar" os alegados "valores tradicionais". Ao mesmo tempo, teve de suportar as manifestações de vítimas de abusos sexuais cometidos por membros da Igreja.

Bento XVI cumpriu com esse discurso diante de várias autoridades britânicas a primeira etapa da visita de quatro dias ao Reino Unido. Depois de se reunir a sós com Elizabeth II e presenteá-la com uma cópia do evangelho de Lorsch, do século 9, os dois seguiram até o parque do palácio real, onde diante de 400 representantes da cultura, da política e da Igreja Anglicana e católica, o representante do Vaticano pronunciou o primeiro dos 16 discursos previstos na viagem, a 17ª que realiza pelo mundo.

Bento XVI almoçou com autoridades religiosas católicas no palácio de Edimburgo e depois seguiu para Glasgow, para rezar uma missa no Bellahouston Park.

No começo da noite, o papa seguiu para Londres, a terceira etapa de sua vista oficial, a primeira de um Pontífice romano desde 1534, quando o rei Henrique VIII rompeu com Roma ao não obter do papa Clemente VII a anulação de seu casamento com Catarina de Aragón, criando assim a Igreja da Inglaterra, da qual se proclamou chefe.

Protestos

A visita do papa foi fortemente criticada por pessoas vítimas de padres católicos pedófilos. Para os manifestantes, o discurso de Bento XVI é "pouco honrado" e "ofensivo",

Em seu discurso em Edimburgo, Bento XVI insistiu na tese de que a igreja que comanda foi "lenta e pouco vigilante", ao impedir o progresso dos casos de pedofilia. "Foram rápidos e vigilantes para ocultá-los, não para evitar", replicou a Rede de Sobreviventes de Abusados por Sacerdotes (SNAP por sua sigla em inglês) em um comunicado divulgado no Reino Unido.

A SNAP condenou "os pouco honrados comentários sobre os abusos e seu ocultamento" oferecidos na manhã desta quinta por Joseph Ratzinger.

Os grupos de vítimas de pedofilia na Igreja Católica consideram que a hierarquia dela é a maior responsável pelo ocultamento dos abusos sexuais perpetrados por sacerdotes em todo mundo.

A viagem papal ao Reino Unido acontece no meio de uma crescente hostilidade relacionada não só com os casos de pederastia, senão também pelos milionários custos da visita.

Centenas de pessoas protestaram hoje em Edimburgo, Escócia, contra a postura do Vaticano em torno de temas controversos como os direitos dos homossexuais, o aborto e os métodos anticoncepcionais. A visita de Estado e pastoral de Bento XVI será encerrada no próximo domingo.

Da redação, com agências