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Papa admite: padres pedófilos abalaram a credibilidade da igreja

O papa Bento XVI admitiu neste domingo (19), em Birmingham, na Inglaterra, o indisfarçável: que os escândalos de pedofilia atingem a credibilidade da Igreja.

Segundo ele, esse crime foi combatido inadequadamente no passado. Ele se referia especialmente a bispos da Inglaterra, do País de Gales e da Escócia em seu último compromisso no Reino Unido, no quarto dia de visita ao país. Segundo o papa, o "vergonhoso abuso de jovens da parte de sacerdotes e religiosos "mina seriamente a credibilidade moral dos responsáveis" pela instituição católica.

"Em muitas ocasiões, falei das profundas feridas que tal comportamento causou, acima de tudo nas vítimas – mas também no relacionamento de confiança que deveria existir entre sacerdotes e povo, entre sacerdotes e seus bispos, como entre as autoridades da Igreja e as pessoas", disse o papa.

Bento XVI afirmou que "o melhor caminho" é o de tentar reparar "tais pecados" se aproximando com "humilde espírito de compaixão" dos jovens que foram molestados. "Nosso dever de cuidar da juventude exige exatamente isso e nada menos", completou o constrangido pontífice.

Durante os quatro dias de sua estada no Reino Unido, o Papa falou diversas vezes sobre os escândalos de pedofilia que envolvem religiosos do Reino Unido, além de diversas outras nações. Em uma coletiva de imprensa durante o voo que o conduziu a Edimburgo, na quinta-feira, ele admitiu que a Igreja não foi vigilante o suficiente e expressou "grande tristeza" e "choque".

Na sexta-feira, ao encontrar estudantes, fez uma referência indireta aos episódios ao dizer que era necessário oferecer um "ambiente seguro" aos alunos das escolas católicas. Já ontem, o Pontífice presidiu uma missa na catedral de Westminster novamente manifestando "profunda dor", "vergonha e humilhação" pelos "crimes inqualificáveis" que produziram "imensos sofrimentos".

Ainda no sábado, ele se reuniu de forma privada com cinco vítimas de pedofilia, rezou com elas e ouviu seus relatos, em um evento que o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, definiu como "comovente e importante". O Papa também conversou com profissionais e voluntários que trabalham para defender as crianças dos abusos no ambiente eclesial, afirmando que tais iniciativas fazem parte da resposta da Igreja ao problema.

De acordo com Bento XVI, os "trágicos eventos" revelam "a fragilidade humana" de maneira muito "dura", e ao mesmo tempo recordam que "para sermos guias cristãos eficazes, devemos viver na mais alta integridade, humildade e santidade".