José Cícero – Seu Quilô: O Pescador de Sonhos

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Dia e noite no eito.
Chuva e sol, frio ou calor.
Árduo trabalho cotidiano do velho pescador
De peixes e de sonhos: Seu Quilô.

Fartas águas das cabeceiras descendo o rio.
Hídricas utopias rompendo as ribanceiras.
Peixes nas redes ou no anzol
do velho pescador do Araçá: Seu Quilô.

Lidas de tantos anos afogados
nas águas doce de um rio Salgado
que na Aurora-passado se eternizou.
Mananciais de um tempo ido
Açudes, riachos e lagos…
Ecossistemas de fartura preservados
Gratas saudades do rio Salgado
ainda hoje a correr tranqüilo.
Rio-macho sertanejo,
sonhando engravidar o Atlântico,
ganhando o oco do mundo pelo Jaguaribe.
Rio da Aurora e do Cariri inteiro.
Como um movo mundo que fora desenhado
Pelo pescador ribeirinho: Seu Quilô.

Exímios lances de guerreiro
Tarrafas e galões estendidos.
Varas linheiras, anzóis ligeiros
atirados às águas como oferendas aos índios.
Lembranças perenes de um Salgado antigo.
Noites enluaradas, madrugadas sem cor.
Pirilampos alumiando o seu leito.
Anos a fio. Solidão dos que não têm medo.
Eternos caminhos aventureiros
a navegar seu destino através do rio.
Velho pescador de sonhos e de peixes: Seu Quilô.

José Cícero é Escrito, Pesquisador e Poeta

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