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Emergentes superarão economias avançadas até 2015, diz BM

Enquanto as economias desenvolvidas ainda estão lutando para conseguir superar o baque causado pela crise financeira mundial, que teve início em meados de 2007, os países emergentes estão se tornando o novo carro-chefe do crescimento global, afirma o Banco Mundial em uma nova publicação.

"Os países em desenvolvimentos estão salvando a economial mundial", disse Otaviano Canuto, vice-presidente de Redução de Pobreza e Gestão Econômica da instituição e co-autor do manual. Os emergentes já respondem por metade do crescimento econômico em âmbito mundial e, até 2015, vão superar o tamanho das economias dos países de alta-renda, segundo o documento.

Atualmente, os países do bloco G7 (Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos) ainda representam 60% do PIB global, ao passo que a China, a Índia e o Brasil não representam mais de 30%. O extenso estudo – a publicação tem cerca de 460 páginas – estima que o crescimento dos emergentes será de 6,1% em 2010, 5,9% em 2011 e 6,1% em 2012. Já as economias de alta renda deverão apresentar taxas de crescimento baixas ao médio prazo, com 2,3% em 2010, 2,4% em 2011 e 2,6% em 2012.

Segundo o Banco Mundial, há cinco fatores responsáveis pelo desempenho superior das economias emergentes: aprendizado tecnológico mais rápido, aumento da classe média, maior integração comercial Sul-Sul, preços mais altos dos produtos básicos e balancetes mais sólidos que possibilitarão o investimento na infraestrutura.

De acordo com a publicação, os países em desenvolvimento mais promissores são Brasil, China e Índia. O Brasil é destacado diversas vezes no manual, que se refere ao País como o primeiro país latino-americano a se tornar um líder global. O Brasil é elogiado por ter conseguido demonstrar que, mesmo em uma economia altamente desigual, a combinação de crescimento econômico e políticas de redistribuição – como o programa Bolsa Família – ajuda a diminuir a pobreza e a desigualdade entre as classes sociais. No entanto, o documento ressalta os riscos representados pela dívida pública do País e, mais especificamente, as promessas de pensões ao funcionários públicos.

"As perspectivas a médio prazo para o Brasil são bastante otimistas, principalmente no setor de energia. O Brasil não apenas terá independência energética, mas passará a ser um grande exportador de petróleo com a entrada do pré-sal", afirma David Vetter, economista americano especializado em América Latina e proprietário de uma consultoria em desenvolvimento de infraestrutura com escritório no Rio de Janeiro.

Segundo a economista e sócia da FF Brokerage Agentes de Investimentos, Elisa Martins Costa, a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 também serão forças propulsoras do crescimento superior da economia brasileira, além da forte demanda doméstica e o robusto ingresso de capital estrangeiro. "Se os países emergentes conseguirem manter a estabilidade política e econômica, ao mesmo tempo em que investem em infraestrutura, ensino, mão-de-obra especializada e reforma tributária, eles realmente crescerão acima das economias avançadas ao longo prazo", diz a economista.

O problema do ensino no Brasil foi ressaltado pela publicação do Banco Mundial que indica que o nível educacional do País está 25 anos atrás daquele do Chile. Além disso, a desigualdade com respeito ao acesso aos serviços básicos no Brasil é a mais alta entre os países da região, e o atual nível de desigualdade econômica no País é bem mais alto do aquele na China. "A falta investimento em infraestrutura é o que vai atrapalhar o crescimento da participação do Brasil na economia mundial em comparação com a China e a Índia. O Brasil só investe 1% do seu PIB em infraestrutura, ao passo que a China investe 20% e a Índia cerca de 6%", diz Vetter.

Fonte: Terra