Arruda Bastos: A nossa rede pública de saúde será a maior do país

Arruda Bastos, secretário estadual de Saúde, prevê que no prazo de 18 meses, o Estado do Ceará vai dispor da maior rede pública de saúde do Brasil. O Hospital Geral de Fortaleza e o Instituto Dr. José Frota terão os setores de urgência e emergência funcionando sem a superlotação de pacientes com a construção de cinco Hospitais Regionais, 21 Policlínicas, 17 Centros de Especialidades Odontológicas (CEOs) e 32 UPAs – Unidades de Pronto Atendimento 24 horas.

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O projeto de construção de 500 UPAs 24 Horas da candidata a presidente da República, Dilma Rousseff, foi arquitetado com inspiração na Secretaria de Saúde do Ceará. A proposta do ex-secretário João Ananias, recebeu aprovação do governador Cid Gomes e do presidente Lula.

Das 32 UPAs 24 horas que estão sendo construídas no Ceará, disse Arruda Bastos, quatro estão localizadas em Fortaleza. Segundo ele, a primeira UPA da Capital, cuja ordem de serviço foi assinada há 30 dias, já está com 90% das obras concluídos. Através do plantão 24 horas, o cidadão vai ter todo serviço de pequena e média complexidade nas UPAs.

As policlínicas, que estão sendo construídos nas diferentes microrregiões do Estado, realizarão consultas especializadas e exames. O secretário explicou que a policlínica é uma grande clínica onde a população marca consulta, por telefone, para ser atendido com hora marcada. Já na UPA, o cidadão não precisa marcar. É um caso de emergência e urgência e o atendimento é imediato.

Estão sendo realizados os serviços de construção das UPAs 24 horas no Ceará?

Estão em fase final de conclusão as obras de duas Unidades de Pronto Atendimento – UPAs 24 horas, que a Secretaria da Saúde do Estado está construindo em parceria com o Ministério da Saúde. A estrutura da UPA 24 horas da Regional VI, em Fortaleza, está em fase final de conclusão. Nos próximos dias serão concluídas as obras da UPA 24 horas de Maranguape. Além da Regional VI e Maranguape, foram assinadas ordens de serviços de outras seis UPAs, sendo mais três na Capital (Regionais II, III e V), Pentecoste, São Benedito, Crateús e no Pecém. Até o final deste mês de setembro são iniciadas também as UPAs no Eusébio, Aracoiaba, Horizonte, Canindé e Caucaia.

Qual a estrutura que será oferecida aos usuários do SUS pelas UPAs 24 horas?

A UPA 24 horas da Regional VI, por exemplo, fica no loteamento Sítio São Gerardo, bairro Coaçu, próximo ao Centro das Tapioqueiras, na CE 040. A nova unidade, de porte 2, tem 1.100 metros quadrados de área, com capacidade de cobertura de até 200 mil habitantes. Contará com quatro médicos, de 9 a 12 leitos e atendimento diário de até 300 pacientes. Para a construção da unidade foram investidos R$ 2.725.000,00 em recursos do Governo do Estado e do Ministério da Saúde. Outros R$ 800 mil serão investidos na aquisição de equipamentos.

Dr. Arruda, quais são os serviços oferecidos à população pelas UPAs 24 horas?

As Unidades de Pronto Atendimento oferecerão serviços de raio X, laboratório para exames, aparelho de eletrocardiograma e atendimento pediátrico. Nas UPAs, a população pode resolver problemas como pressão alta, febre, cortes, queimaduras, alguns traumas e receber o primeiro atendimento para infarto ou Acidente Vascular Cerebral (AVC), entre outras enfermidades. Quando o paciente chega à UPA, os médicos prestam socorro, controlam o problema e detalham o diagnóstico. Analisam se é necessário encaminhar o paciente a um hospital ou mantê-lo em observação por até 24 horas. Com o funcionamento integrado ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), as UPA 24 horas contribuirão para reduzir as filas dos hospitais, inclusive do Instituto Dr. José Frota e do Hospital Geral de Fortaleza.

O senhor tem anunciado que a construção de uma UPA ocorre em tempo recorde. Como isso acontece?

O modelo construtivo é a explicação para a rapidez da obra. Toda a edificação já vem produzida da fábrica, em módulos totalmente prontos, que são transportados para o local da UPA 24 horas. Os módulos montados e acoplados formam a Unidade Modular de Saúde (UMS). Com esse modelo, o tempo de edificação das UPA 24 horas é reduzido para até 60 dias. Os módulos são colocados sobre um sistema de apoio, ou pilaretes, a uma altura mínima de 50 centímetros do solo para permitir a manutenção das instalações localizadas na parte inferior do piso. Na parte interna, o piso é de compensado naval, coberto por manta vinílica específica para uso hospitalar. A unidade modular tem cobertura de telhas galvanizadas.

Podemos afirmar que as Unidades de Pronto Atendimento são unidades de emergência e urgência?

Sim. Os módulos acabados serão os espaços de atividades da UPA 24 horas, que incluem recepção, consultórios, área administrativa, área de reuniões, cozinha e refeitório, áreas de serviço, sanitários, entre outros. As UPAs são classificadas em três diferentes portes, de acordo com a população da região a ser coberta, a capacidade instalada – área física, número de leitos disponíveis, recursos humanos e a capacidade diária de realizar atendimentos médicos. As UPAs de porte I cobrem uma população de até 100 mil habitantes, contando com uma pediatra e um clínico geral para atender de 50 a 150 pacientes diariamente e equipada com 5 a 8 leitos. A cobertura das UPAs de porte II é de até 200 mil habitantes, com quatro médicos, 9 a 12 leitos e atendimento diário de até 300 pacientes. Nas IPAs de porte III a cobertura é de até 300 mil habitantes, com seis médicos, 13 a 20 leitos e até 450 atendimentos diários.

O Hospital Regional do Cariri contribui mesmo para desafogar o atendimento do IJF e do Hospital Geral de Fortaleza?

O Hospital Regional do Cariri é um misto de HGF e de IJF. Além de urgência e emergência, a unidade vai atender toda a população do Cariri também com serviços de alta e média complexidade em diferentes especialidades. Com 294 leitos, o HRC é de grande porte, construído pelo Governo do Estado, com recursos do Tesouro Estadual. Tem 27.126,47 metros quadrados de área construída. Fica localizado em Juazeiro do Norte, na Rua Catulo da Paixão Cearense, estrategicamente entre os municípios de Barbalha e Crato para facilitar o acesso à população dos municípios de toda a região e dos municípios de Tauá e Iguatu. No total, uma população de um 1 milhão e 336 mil habitantes de 41 cidades não mais precisará se deslocar para a capital.

A construção dessas unidades de saúde vai precisar de profissionais. Como a Secretaria está tratando essa questão?

O Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar, entidade que gerencia o Hospital Dr. Waldemar Alcântara, lançou, através do Instituto Cidades, em agosto, o edital do processo seletivo para a contratação de 996 profissionais para o Hospital Regional do Cariri. As inscrições, iniciadas poderão ser feitas até o dia 5 de outubro exclusivamente pela internet, no site www.institutocidades.com.br. São 205 vagas para médicos, 167 para outros profissionais de nível superior da área da saúde, 19 para profissionais de nível superior da área administrativa, 11 para cargos de direção e gestão, 413 para o nível médio da área da saúde, 176 de nível médio da área administrativa e 5 vagas para nível fundamental na área administrativa. A contratação dos aprovados é pelo regime de CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas).

O volume de obras na área de saúde é muito grande. Há recursos financeiros para a concretização desses projetos?

O dinheiro está em caixa. Não há nenhum risco dessas obras pararem por falta de recursos. O Governo do Estado só inicia uma obra quando os recursos estão garantidos, em caixa. Eu mesmo estive em Washington, nos Estados Unidos, tratando da liberação de recursos com o Banco Mundial para o Ceará. Não vai haver dificuldade: Todas as UPAs, policlínicas, CEOs e Hospitais Regionais estão com recursos assegurados. Sem falar que tem obras que estão sendo construídas com recursos 100% do Governo do Estado. É o caso do Hospital Regional do Cariri e de cinco CEOS que já foram, inaugurados e estão funcionando em Ubajara, Baturité, Russas, Juazeiro do Norte e Acaraú.

O Hospital Regional do Cariri será inaugurado em breve. Quando serão construídos os demais?

O Hospital Regional do Cariri, em Juazeiro do Norte, está pronto para ser inaugurado. O Hospital Regional da Zona Norte, em Sobral, terá sua estrutura concluída ainda este ano. O Governo do Estado já definiu construir mais três hospitais: um grande, de urgência e emergência, em Fortaleza, com 400 leitos; outro na Região Metropolitana, com 350 leitos; e um terceiro, no interior do Estado, na Região Central, com 350 leitos.

O Governo do Estado, através da Secretaria de Saúde, vem dando ordem de serviço a inúmeras obras. E as reformas das unidades existentes estão sendo feitas?

Estamos construindo novas unidades de saúde no interior e ao mesmo tempo ampliando e reformando todos os hospitais e unidade na capital. A Secretaria vai inaugurar 70 novos leitos no Hospital Geral de Fortaleza. O número de leitos no hospital aumenta de 413 para 483. Antes das obras de ampliação, que já duravam 10 anos e que estão sendo concluídas agora, eram 319 leitos. Serão inaugurados ainda o prédio do setor administrativo e a fachada principal do HGF. Mais obras serão concluídas. Até o final deste ano serão entregues à população a nova emergência obstétrica e a unidade de coleta de exames. O Hospital São José ganhou uma nova unidade de internação, com 18 novos leitos. O Hospital Waldemar Alcântara também foi ampliado, com 66 novos leitos. O Hospital de Saúde Mental de Messejana passou por obras de reforma e modernização. O Hospital Albert Sabin está com uma nova unidade, com 108 novos leitos. O Hospital Geral Dr. César Cals também passou por reformas, com 12 leitos de UTI ficando novos e modernos. As unidades, como o IPC, Hemoce, CIDH e Lacen, sem exceção, foram reformadas e ampliadas.

Qual é a capacidade de assistência à saúde no Ceará do Sistema Único de Saúde?

Com os 70 novos leitos do HGF, somados ao total de leitos de todas as obras já concluídas e em funcionamento, e ainda as programadas pelo Governo do Estado, a capacidade de assistência à saúde no Ceará aumenta para 17.157 leitos hospitalares do Sistema Único de Saúde (SUS). Desse total, 1.409 são leitos novos, um incremento de 9,2% sobre os 15.712 leitos hospitalares do SUS existentes no Estado antes da implantação dos novos leitos. Foram entregues à população pela Secretaria da Saúde do Estado 264 novos leitos na rede pública de saúde, entre 2009 e 2010. Nas obras em execução serão entregues 294 leitos no Hospital Regional do Cariri, em Juazeiro do Norte, que será inaugurado ainda este ano, 382 leitos no Hospital Regional da Zona Norte, em Sobral, em construção, e na Capital 63 leitos na terceira etapa da ampliação do Hospital Infantil Albert Sabin.

As UPAs 24 horas também vão disponibilizar leitos para os usuários?

Somente em 32 Unidades de Pronto Atendimento serão até 336 leitos. Das oito UPAs 24 horas que estão em construção, a da Regional VI, em Fortaleza, fica com o prédio pronto na próxima semana e, em outubro será concluída a UPA de Maranguape.

A ampliação do número de leitos nas unidades da Sesa, então, é uma preocupação permanente?

Também estamos investindo nessa área. O Ceará passou a ter nos últimos dois anos mais 94 leitos no HGF, 18 no Hospital Infantil Albert Sabin, 66 no Hospital Waldemar Alcântara, 58 no Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart, 18 no Hospital São José de Doenças Infecciosas, 7 no Hospital Geral César Cals e 3 no Instituto de Prevenção do Câncer do Ceará.

Além do desafio de construir toda essa rede de saúde, não é um desafio administrar também essas unidades de saúde?

Assumimos esse desafio. A gestão das policlínicas e dos CEOs é feita através de consórcios públicos de saúde, uma estratégia nova no Ceará, que fortalece a regionalização. Com os consórcios, criados por lei, o custeio e a gestão são compartilhados entre o Governo do Estado e as prefeituras dos municípios que integram as microrregiões do Ceará.

De Fortaleza,
Iran Soares