Ataque aos direitos nos EUA
Pacifistas, anti-racistas e militantes políticos de esquerda dos EUA responderam com uma energia e indignação sem precedentes à rusga coordenada do FBI a nível nacional contra as casas de respeitados dirigentes políticos. Na semana seguinte, houve ações de protesto em 46 cidades. Foi criado o Comitê Fim à Repressão do FBI para coordenar a contestação aos ataques da polícia federal de investigação.
Publicado 07/10/2010 11:29
Dezenas de organizações locais, regionais e nacionais, incluindo o San Francisco Labour Council, pronunciaram-se contra os as batidas policiais do FBI.
A última ação repressiva começou a 24 de setembro quando agentes do FBI munidos de mandados do grande júri invadiram as casas de vários pacifistas e ativistas pelos direitos sociais em Minnesota, Michigan e Illinois. A 2 de outubro, 13 deles já haviam sido intimados a comparecer perante o grande júri, em Chicago, a 5 de outubro. Para esta data foi marcado novo protesto para exigir o fim das intimações e o slogan “Não à investigação do grande júri” deve tornar-se o lema do movimento nacional para pôr cobro a este perigoso precedente.
Entre os alvos destas "batidas policiais contra o terrorismo” estão dirigentes do Comitê Anti-Guerra de Minneapolis, cujo escritório foi alvo de buscas; do Grupo de Solidariedade com a Palestina; do Colombia Action Network; do Comitê Nacional pela Libertação de Ricardo Palmera (um preso político colombiano encarcerado nos EUA); dos Estudantes por uma Sociedade Democrática; e da Organização Socialista Freedom Road.
Apesar de terem visto as suas casas e vidas viradas do avesso, todos os atingidos reagiram com calma e determinação. Recusaram prestar declarações ao FBI. Confrontados com falsas acusações de prestarem ajuda material a “terroristas”, reafirmaram o seu direito de organizar a oposição às guerras dos EUA e de prestar solidariedade às lutas dos povos que em todo o mundo resistem à ocupação e aos regimes ditatoriais.
A reação destes dirigentes ajudou a mobilizar uma forte resposta a estas tácticas policiais que visam intimidar e desmoralizar o movimento. Enquanto o FBI lhes confiscava computadores, ficheiros, câmaras, passaportes, endereços eletrônicos e listas de contactos, os vizinhos vieram para a rua apoiá-los e registrar a ação. Cópias dos mandados de busca e das intimações rapidamente apareceram nos sítios do IndyMedia e os vídeos das rusgas foram colocados no YouTube. Centenas de pessoas acorreram nessa mesma tarde a manifestar-se em Minneapolis, e durante todo o dia houve conferências de imprensa de apoiadores aos visados em Minneapolis, Milwaukee e Chicago.
As intimações para comparecer perante o grande júri abrangem todos os artigos, toda a correspondência, todos os documentos e todos os registros de chamadas telefônicas relacionadas com as chamadas “organizações terroristas estrangeiras, incluindo as Farc da Colômbia, a Frente Popular de Libertação da Palestina e o Hezbollah do Líbano, todas as fotos, vídeos e documentos de viagem para a Colômbia, Líbano, Jordânia, Síria, Palestina”.
Não se sabe por enquanto qual é o objetivo do governo. Contudo, o que pode suceder nestes casos é que as pessoas intimadas a comparecer perante o grande júri sejam interrogadas com todo o tipo de perguntas sobre outros membros do movimento. Os intimados podem recusar-se a responder, com base no direito constitucional de não se incriminarem a si próprios. No entanto, se o promotor da justiça aceitar esta imunidade das testemunhas face à acusação, elas terão de responder por desrespeito à autoridade do grande júri, o que significa que podem passar meses na prisão.
Mesmo uma análise superficial à natureza das rusgas e das intimações mostra claramente que todos os que se opõem ao belicismo dos EUA devem juntar-se ao movimento de protesto.
Uma resposta unida pode pôr fim a esta tentativa de eliminar a organização. É encorajador que todas as grandes coligações contra a guerra se tenham juntado na oposição ao ataque do FBI. Tal como afirma a resolução aprovada pelo San Francisco Labor Council, “a coordenação nacional das rusgas e apreensões marca um novo e perigoso capítulo no prolongado assalto aos direitos, consagrados na Primeira Emenda, de todos os militantes, ativistas ou pacifistas”.
Fonte: Jornal Avante