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Governo chinês reitera que não pretende mudar política cambial

As pressões para que a China altere sua política cambial e permita uma maior valorização da sua moeda, o iuan, foram mais uma vez rechaçadas pelo governo comunista do país. Autoridades chinesas avaliam que se fizeram o que os Estados Unidos, a União Europeia e o FMI querem, uma apreciação cambial entre 20 a 40%, a economia pode entrar em recessão e isto não será bom para o mundo.

Graças à expansão acelerada do PIB, em torno de 10% ao ano, e à forte demanda por commodities, a China foi responsável por cerca de 50% do crescimento global em 2009. A desaceleração do ritmo de crescimento do país vai dificultar ainda mais a frágil e instável recuperação do comércio exterior e da chamada economia mundial.

Coro antichinês

Por esta e outras razões, a valorização do iuan de maneira alguma beneficiará o mundo, conforme argumentou o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, durante a viagem que realiza por países europeus. Ele rechaçou as pressões feitas neste sentido sob a liderança dos Estados Unidos, que exigem uma valorização entre 20 a 40% do iuan em relação ao dólar.

O chefe do governo chinês iniciou seu giro na Europa pela Grécia, de lá seguiu viagem para a Bélgica, onde vai assistir a 8ª Cúpula Europa-Ásia e 13ª China-União Europeia. Itália e Turquia também figuram no périplo.

Wen conclamou os anfitriões a não somar suas vozes ao coro dos que pressionam a China a mudar sua política cambial, reiterando que Pequim continuará a reforma da taxa cambial, ampliando a flexibilidade das cotações, mas a seu modo, sem o radicalismo sugerido pelas potências capitalistas.

“Se valorizarmos o iuan entre 20 a 40% como alguns pedem muitas companhias exportadoras chinesas serão arruinadas, os trabalhadores perderão seus empregos e os migrantes terão que regressar às zonas rurais, fatos que dificultarão a estabilidade social”, afirmou o primeiro-ministro.

Comércio equilibrado

“O mundo de maneira alguma se beneficiará de uma crise da economia chinesa”, advertiu. Outro tema que será debatido nas cúpulas que estão sendo realizadas na Europa é o comércio internacional e o excedente acumulado pelo gigante asiático.

O dirigente chinês afirmou que o superávit obtido pela China no comércio exterior deve ser atribuído à estrutura específica das economias envolvidas no intercâmbio mundial de bens e serviços e não à taxa de câmbio.

Não se deve politizar o comércio, alertou Wen, numa referência velada ao Congresso dos EUA, que recentemente aprovou uma lei autorizando o governo Obama a impor sobretaxas às exportações chinesas a pretexto da suposta manipulação cambial. Ele acentuou que a China não quer tirar vantagens unilaterais do comércio e defende “um comércio equilibrado e sustentável”, emque todos ganham.

O líder comunista assinalou que as valorizações anteriores do iuan não reduziram o superávit comercial do país, numa referência ao fato de que seu país continuou registrando balanços positivos no intercâmbio de mercadorias mesmo depois de 1994, quando teve início uma reforma da taxa de câmbio. Desde então, o iuan valorizou 55%, conforme recordou o primeiro-ministro.

Ameaça de sanções

Em relação aos Estados Unidos, lembrou, o superávit comercial se manteve apesar da flexibilização do câmbio realizada em 2005, que resultou numa valorização da moeda chinesa de 22% frente ao dólar. Quando ao euro, ele disse que as autoridades européias devem mirar a divida estadunidense para uma explicação das recentes flutuações na taxa de câmbio da moeda do bloco de 27.

O conflito em torno da política cambial chinesa ganhou maior atualidade depois que a Câmara de Representantes dos EUA aprovou, dia 29 de outubro, um projeto de lei que permite ao Departamento de Comércio aplicar sanções a países cujas moedas estejam artificialmente desvalorizadas. O alvo, no caso, é a China, contra quem o império pode desencadear uma guerra comercial.

Depois disto, as tensões nas relações econômicas entre Washington e Pequim se renimaram, com a Casa Branca reclamando do déficit comercial americano, particularmente alto nas relações com a próspera nação asiática. A China insiste que a valorização do iuan não resolverá os problemas que afligem a economia capitalista em todo o mundo, mas afetará negativamente o crescimento chinês, o que em hipótese alguma beneficiará outros países.

Da redação, com Prensa Latina