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Lula critica FMI e defende intervenção do Estado na economia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu um tom político para seu discurso no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Petrobras, no início desta noite, no Rio de Janeiro, voltando a fazer duras críticas ao governo anterior. "A elite que dirigiu este País não sonhava. Ela tinha pesadelos. Ela era subordinada ao FMI, era subordinada a tantas outras coisas", afirmou o presidente, dizendo que o País não quer mais se submeter a "quem vem dizer o que se deve fazer aqui".

A economia nacional foi monitorada e dirigida pelo Fundo Monetário Internacional durante os anos 1980 e entre 1998 e 2002, sob o governo FHC, que fechou um acordo com o Fundo e subordinou a política econômica às orientações da instituição pretensamente multilateral, que na realidade é controlada pelos Estados Unidos e a União Europeia.

Durante seu discurso, o presidente lembrou que ouviu muitas críticas em relação ao papel do Estado na economia, feitas pelos neoliberais tupiniquins, mas que o ideal "é juntar o bom do mercado com o bom do Estado". Aafirmou que a Petrobras está em segundo lugar entre as companhias de petróleo no mundo por "pouco tempo", já que deve crescer ainda mais com o pré-sal.

"Eu tive o orgulho, eu, um metalúrgico que virou presidente da República, ter participado na semana passada da maior capitalização da humanidade, que elevou o patrimônio da Petrobras para US$ 220 bilhões. Virou a segunda empresa no mundo, só perdendo para ExxonMobil, por enquanto. Mas o Estrella (diretor de Exploração da Petrobras) promete mais pré-sal por aí…", disse Lula, em discurso para técnicos do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Petrobras em cerimônia de inauguração da sua expansão.

Marolinha

Aplaudido de pé pelas autoridades presentes, com voz embargada que o impediu por diversos momentos de continuar o discurso, o presidente fez um breve resumo das dificuldades enfrentadas pelo País em seu governo e a forma como conseguiu superá-las. Citou nominalmente a crise do crédito subprime americano, para lembrar que o Brasil foi o que se saiu melhor no pós-crise.

"Fui achincalhado quando disse que aqui a crise seria uma marolinha, mas foi. Porque a gente tinha o BB, o BNDES e a Caixa, que salvaram o mercado quando todos estavam com medo. Em fevereiro nós já batemos recorde de vendas de automóveis, vamos gerar dois milhões de empregos e vamos terminar o ano com mais de 15 milhões de empregos", ressaltou.

O presidente também destacou os momentos logo no início do mandato em que tentou mudar um diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e instituiu o diretor financeiro da Petrobras, o hoje presidente José Sergio Gabrielli, contra os alertas de que "o mercado não gostaria". "Não só gostaram como aplaudiram. A Petrobras cresceu e aumentou investimentos", destacou, completando que "nunca antes na história deste País alguém sonhou que a Petrobras pudesse ter o maior centro de tecnologia do mundo, assim como a elite deste País não sonhou com muitas outras coisas porque estava subordinada ao FMI e outros".

Recuperando a autoestima

Lula também destacou a recuperação da autoestima do povo brasileiro e conclamou a todos a manter este ritmo. "Aprendemos a andar com a cabeça erguida, a gente está disposto a discutir com todo mundo, mas vir de fora para dizer o que a gente tem que fazer, a gente não aceita mais".

Especificamente sobre a Petrobras, Lula afirmou que, no passado, a empresa se paralisou, não investiu em pesquisa e não acreditou em si mesma. "Tem pessoas que passaram por ali que se contentaram com 1,6 milhão de barris por dia. Mas na hora em que a Petrobras resolveu acreditar e ousar, deu um salto de décadas", afirmou.

Da redação, com agências