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O alerta é do FMI: mais austeridade em Portugal causará recessão

O governo social-democrata de Portugal, liderado pelo primeiro-ministro José Sócrates, está impondo ao país um ajuste fiscal que não só sacrifica os interesses dos trabalhadores como está conduzindo a economia do país ao caminho da recessão.

A economia portuguesa vai voltar a recuar no próximo ano, segundo as previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI). A recessão vai atingir 1,4% e o número de desempregados continuará crescendo.

Jörg Decressin, diretor assistente do departamento de pesquisa do FMI alertou para nova recessão em Portugal, prevendo o efeito das novas medidas de austeridade do governo Sócrates, guiadas pelo imperativo de cortar o déficit público. O resultado será o regresso à recessão.

Cenário pessimista

Em seu último 'World Economic Outlook', o Fundo revela suas previsões semestrais para a economia mundial e para Portugal. Estas estimativas não contabilizam o impacto das novas medidas de austeridade anunciadas pelo governo, onde se inclui o corte de 5% na massa salarial do setor público e o aumento do IVA para 23%.

Jörg Decressin, considerou que o impacto dessas medidas poderá fazer com que a economia portuguesa volte a mergulhar na recessão em 2011, contraindo 1,4%. "Estas medidas terão um efeito grande", reconheceu, acrescentando que representam cerca de "3% do PIB". Mas, como não poderia deixar deser, o FMI apoia a decisão do governo de intensificar os cortes no défice.
"Portugal está sob muita pressão e por isso aplaudimos a decisão do governo", garantiu Dressing.
Daqui a cinco anos, Portugal será o país que vai ficar pior na fotografia da Europa tirada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Depois de entrar em recessão no próximo ano, a economia tende a crescer em 2012, mas a um ritmo mais lento do que qualquer outro país da União Europeia (UE), segundo o Fundo. Além disso, terá o maior déficit externo, a quarta pior taxa de desemprego e a quinta maior dívida pública da UE.

Nas suas previsões semestrai, o FMI reservou para Portugal o seu cenário mais pessimista. A própria previsão de estagnação para 2011 foi revista em baixa por um dos diretores da organização, por não incluir as novas medidas de austeridade anunciadas pelo governo. Mas, mesmo sem contabilizar o impacto que a nova dose de terá na economia, as previsões do FMI são já as mais pessimistas de toda a União Europeia.

Logo a partir de 2012 e até 2015 (que é até onde vão as projeções), Portugal será o país que vai crescer menos na UE. Daqui a cinco anos, o Produto Interno Bruto (PIB) aumentará uns tímidos 1,2%, menos de metade da média prevista para os 27 países da UE (2,77%, o que já é baixo comparado às taxas das chamadas economias emergentes e de países asiáticos). A Espanha e a Irlanda, dois países que, tal como Portugal, têm sofrido o ataque dos mercados internacionais sobre a dívida pública, vão regressar ao crescimento já no próximo ano e, em 2015, deverão crescer 2,01 e 3,49%, respectivamente, a julgar pelo FMI, cujas previsões não são muito confiáveis.

Até a Grécia, onde primeiro eclodiu a crise da dívida externa, pode se recuperar antes de Portugal. Após um plano agressivo de austeridade que manterá o país em recessão no próximo ano, o Fundo prevê que a economia grega terá um crescimento duas vezes superior ao da economia portuguesa em 2015. Nos anos anteriores, a diferença entre os dois países será pouco menor.

O déficit externo português deverá ultrapassar o da Grécia, já no próximo ano, como o pior entre os países da UE. Tal cenário vai se manter até 2015. Na dívida pública, Portugal vai manter um dos piores indicadores em 2015, apresentando o quinto maior nível de endividamento do Estado na UE, depois de Grécia, Itália, Bélgica e Irlanda.

Recorde no desemprego

Quanto ao desemprego, é e continuará a ser o calcanhar de Aquiles da economia portuguesa. O FMI prevê que a taxa de desemprego bata um novo recorde em 2012, atingindo 11,6% da população ativa. Só a partir daí, o número de pessoas sem trabalho começará a diminuir, atingindo 10,8% em 2015. Ainda assim, esta será a quarta pior taxa de desemprego da UE, depois da de Espanha (15,3%), Grécia (13,4%) e Letônia (13%).

Os dados do FMI mostram ainda que Portugal é um dos quatro países da zona euro que mais viu aumentar o número de desempregados entre 2008 e 2015. No espaço de sete anos, a taxa de desemprego subiu 3,1%. Nos países da moeda única, só a Grécia, a Espanha e a Irlanda tiveram aumentos superiores.

Se o cenário se agravar em função das medidas de austeridade, como tudo indica, Portugal não conseguirá recuperar os postos de trabalho perdidos na sequência da crise econômica e financeira dos últimos anos, chegando a 2015 com uma taxa de desemprego bastante superior à registrada em 2008 – 10,83% 7,74%.

Não há sinais de recuperação

Partindo dos atuais números da população ativa, isso significa que, daqui a cinco anos, haveria 604 mil desempregados, ou seja, mais do que os atuais 590 mil. O próprio Banco de Portugal, quando lançou anteontem as suas últimas previsões para a economia, alertou que o desemprego iria continuar a subir "num futuro próximo". Isto irá estrangular o consumo privado e o investimento, comprometendo o crescimento da economia.

As previsões de desemprego do FMI não contabilizam o impacto das novas medidas de austeridade, anunciadas na semana passada pelo governo. Com um corte de 5% na massa salarial do setor público, com o congelamento das pensões e com um aumento do IVA para 23%, entre outras medidas, dificilmente o mercado de trabalho conseguirá dar sinais de recuperação nos tempos mais próximos.

Com agências