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Mais da metade dos mineiros soterrados no Chile são resgatados

O eletricista Omar Reygadas, 56, foi resgatado pouco depois das 13h35 desta quarta-feira (13), após mais de dois meses preso na mina San José no Chile. Com esse resgate, mais da metade dos 33 trabalhadores confinados já está de volta à superfície.

Reygadas — que tem seis filhos, 14 netos e três bisnetos – já ficou preso em galerias subterrâneas três vezes durante seus trinta anos de trabalho como mineiro.

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Antes dele subiu à superfície o motorista de caminhão Daniel Herrera, 27, que foi recebido pela mãe.

O décimo quinto mineiro socorrido foi o eletricista Víctor Segovia, 48. Casado e pai de cinco filhos, ele registrou por escrito tudo o que acontecia dentro da mina durante os 69 dias em que ficou soterrado, a 700 metros de profundidade, junto com outros 32 trabalhadores. Ele chegou a pedir que lápis e papéis fossem enviados.

Víctor Zamora, 33, mecânico casado com Jéssica Cortez, que descobriu que estava grávida durante o tempo em que ele ficou preso na mina, foi o décimo quarto resgatado. Ele ficou conhecido pelo senso de humor e, segundo os colegas, riu até mesmo quando sofreu por semanas com dor nos dentes molares.

O décimo terceiro a ser retirado foi Carlos Barrios, 27, separado e pai de um menino de cinco anos.

Edison Peña, 34 — um apaixonado por esportes que praticava corrida diariamente no interior da mina e chegou a correr 10 quilômetros em um dia, apesar dos limites espaciais — foi o décimo segundo resgatado. Peña, que foi apelidado de "Forrest Gump, tem problemas de ouvido, de hipertensão e diabetes. Durante a clausura, pediu sapatilhas e short esportivo para poder correr melhor.

Nascido e criado no município de Renca, na região metropolitana de Santiago, Peña se mudou para o norte do Chile para estar perto de sua namorada, Angélica Álvarez, que foi quem conseguiu trabalho na mina San José para ele. "Tenho ansiedade e me dá vontade de correr", escreveu à namorada durante o tempo preso. "Imagino que fazemos viagens para praias, campo, tudo, tudo. Quero estar livre, quero ver o Sol".

Angélica e o pais dele, Fernando, esperavam nervosos pelo minerador, que saiu da cápsula às 10h11. Enquanto era transferido para a primeira revisão médica, Peña repetia seguidamente: "Estamos vivos".

O décimo primeiro a sair foi Jorge Galleguillos Orellana, 56, que sofre de hipertensão e recebeu cuidados assim que saiu da cápsula Fénix. Ele, que tem 13 irmãos, já havia se machucado em outras duas minas.

Também foi resgatado Alex Vega, 32. Ele é mecânico de máquinas pesadas e foi recepcionado pela mulher. Pai de dois filhos, trabalhava na mina para economizar dinheiro para comprar uma casa para família em Copiapó. Assim que deixou o túnel, ele fez o sinal da cruz, cumprimentou as pessoas que estão no acampamento e abraçou longamente a mulher.

Interrupção

Após o 17º resgate, os trabalhos de retirada dos mineiros foram interrompidos por um problema na porta da cápsula, Fênix II. A porta era martelada pela equipe para resolver o problema.

O ministro de minas, Laurence Golborne, disse que tudo estava sob controle. "Esperamos
concluir este processo até o final do dia. É provável que um sexto socorrista desça ao refúgio", disse. "Estamos avançando mais rápido do que o previsto", disse, afirmando ainda que "a cada certo número de viagens se realizam inspeções no sistema de roldanas".

Maradona

O resgate dos trabalhadores soterrados em uma mina no norte do Chile emocionou Diego Maradona, que nesta quarta-feira concedeu entrevista sobre a operação que vem recebendo grande atenção em todo o mundo.

"Todos somos socorristas chilenos e familiares. Agora nos resta esperar até que saia o último. Obviamente, eu, Diego Armando Maradona, fico à disposição para o que precisarem; ou seja, todo o povo argentino está à disposição de vocês", disse Maradona à rede de televisão local La Posta.

Mas nem tudo o que aconteceu em decorrência do processo de resgate agradou o ex-jogador, que criticou o "discurso político" do presidente chileno, Sebastián Piñera.

"Foi uma noite emocionante onde não houve bandeiras distintas, estávamos todos envolvidos. A única coisa que destoou foi o discurso político, que não tinha nada a ver com esse momento", afirmou. "Quando saiu o primeiro minerador, me pareceu muito maior a atmosfera de emoção e de amor do que qualquer discurso, porque se há alguém que tem que levar todo o mérito são os socorristas", acrescentou.

Maradona também exaltou os mineradores por sua "resistência" e elogiou as "pessoas que souberam usar a tecnologia para demonstrar a todo o mundo que quando os profissionais que intervieram não tiveram bandeiras, aconteceu este milagre".


Da redação com agências

Atualizado às 15 h 43 para acréscimo de informações