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Bachelet diz que acidente em mina podia ter sido evitado

O acidente da mina San José, que deixou 33 mineiros presos sob a terra durante dois meses no Chile, poderia ter sido evitado, estimou nesta quinta-feira a ex-presidente chilena Michelle Bachelet, poucas horas depois de concluído o histórico resgate.

"Acho que este acidente poderia ter sido evitado", declarou Bachelet durante uma visita a Hanói, no Vietnã, no papel de secretária-geral adjunta da ONU a cargo da agência ONU-Mulheres. Para a ex-presidente, vários riscos para os mineiros haviam sido identificados, mas os administradores da mina San José "não tomaram todas as medidas que deveriam ter sido tomadas para evitar um acidente".

Michelle Bachelet, que entregou o poder ao atual presidente Sebastián Piñera em março com popularidade recorde, disse ainda que muito mais deveria ser feito para melhorar a segurança dos trabalhadores nas minas e em outros setores.

O resgate dos 33 mineiros, que prendeu a atenção de milhões de pessoas em todo o mundo, terminou na noite de quarta-feira, após uma bem sucedida operação. "Estou muito feliz", comentou Bachelet, que disse ter visto em uma televisão do aeroporto de Hanói o momento da libertação do primeiro mineiro.

A ex-presidente elogiou "a valentia, o valor, a disciplina e o trabalho de equipe" que permitiram o final feliz desta história, e felicitou "o governo, os especialistas do resgate e todos os demais – e, claro, os mineiros".

Desmoronamento

Em 5 de agosto, um desmoronamento na mina San José, em Copiapó, deixou 33 trabalhadores presos em uma galeria a quase 700 m de profundidade. Após 17 dias, as equipes de resgate conseguiram contato com o grupo e descobriram que estavam todos vivos por meio de um bilhete enviado à superfície. A partir daí, começou a operação para retirá-los da mina em segurança.

A escavação do duto que alcançou os mineiros durou 33 dias. O processo terminou no dia 9 de outubro, sábado, quando os martelos das perfuradoras chegaram até o abrigo onde eles estavam. Concluída esta etapa, as equipes de resgate decidiram revestir o duto – ainda que parcialmente – para aumentar a segurança antes de retirá-los. Este trabalho terminou no domingo pela manhã.

Depois de muitos testes, o esforço final de resgate teve início às 23h19 de terça-feira, 12 de outubro, quando a cápsula desceu pela primeira vez ao refúgio dos mineiros carregando o socorrista Manuel González – e durou menos de 24 horas. Os trabalhos terminaram às 21h55 da quarta-feira, dia 13. A missão durou pouco menos da metade do tempo estimado pelas autoridades, que era de 48 horas.

Os trabalhadores foram içados dentro da cápsula Fênix II, que tem 53 cm de diâmetro. Durante todo o percurso de subida, eles tinham suas condições de saúde monitoradas, usaram tubos de oxigênio e se comunicaram com as equipes da superfície por meio de microfones instalados nos capacetes.

Fonte: AFP