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Solidário com o drama,  epopeia e façanha dos mineiros chilenos

A saga dos mineiros chilenos desde o dia em que ficaram soterrados no refúgio da mina São José até este histórico 13 de outubro, dia da sua libertação, do seu içamento à terra firme, à luz da lua e do sol, ao olhar de suas mulheres, filhos, companheiros de lida e luta e dos entes queridos, dia da sua ressurreição, não pode ser descrita senão com palavras ditirâmbicas, hiperbólicas, grandiloqüentes. Qualquer redução soa como traição ao sacrifício da classe operária.

Por José Reinaldo Carvalho*

Os 33 da mina São José foram vítimas de um terrível drama, uma quase tragédia. Vivê-los e contorná-los é indescritível façanha, epopeia ulissiana. Drama operário, epopéia operária, façanha operária.

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O poeta baiano João Carlos Teixeira Gomes, o Joca do Jornal da Bahia, da chama que não se deixou apagar sob a perseguição do látego e coturno do oligarca ACM, à época serviçal de generais fascistas, disse sobre outros dramas e feitos que “as dores mais sofridas são mais belas" e o “sonho humano é como a luz no horto”.

Vá alguém catalogar ou sintetizar os sonhos dos 33 do Atacama. Supor as dores sofridas em São José a 700 metros do que pensamos ser o chão! Quem poderia imaginar, adivinhar o que cogitavam os operários do Atacama, vítimas de um brutal e desumano sistema que poupa dinheiro fazendo vidas serem tragadas para baixo do solo.

A primeira façanha dos 33 foi ter sobrevivido, resistido. Nenhum tombou, mesmo que alguns tivessem adoecido. Como que por simbolismo, a cápsula que os conduziu içados levava-os na posição em que estiveram sempre, desde que a desdita ocorreu naquele aziago dia de agosto. Subiram eretos, chegaram eretos, miraram eretos a terra mãe, fonte do perpétuo consolo. De pé beijaram suas amantes, afagaram seus filhos e contemplaram o horizonte.

O Vermelho acompanhou atento e tenso o drama, a epopéia e a façanha dos 33 de São José do Atacama. Sem meios suficientes para registrar com a excelência de outros portais o resgate de cada um dos 33, não foi, porém, indiferente. Portal de notícias da esquerda, de orientação comunista, compareceu, informou, não se furtou, apesar disso, de flagrar os momentos marcantes do drama, da epopéia e da façanha dos operários chilenos.

Há oportunistas aproveitando-se desta saga dos 33. São anões em face de gigantes. Não há encosto político capaz de esconder as condições miseráveis a que é submetida a classe operária nas minas e em qualquer outro empreendimento capitalista. Neste momento, nossa atenção se volta também para os mais de 300 companheiros dos 33, relegados ao desemprego pelo mesmo sistema que  soterrou seus colegas.

Mas há também os delirantes, cegos, insensíveis, para os quais o resgate foi um mero espetáculo. Que os assalariados de plantão da mídia burguesa vão infestar os jornais e as telas com seus enfoques superficiais e falsos, é outra história. Mas não seria o Vermelho, com sua encarnada verve e estentórea voz que não reconheceria a fé e a energia daquela mulher, daquela mãe, daquela criança que sentiam como uma amputação de um membro do próprio corpo a ausência do marido, do filho, do pai soterrado, como não seríamos nós a desconhecer, digamos mesmo, não sentir aquela dor física e a dor da revolta de quem, privado da luz e da superfície, colecionava pedras e sonhos e contos de solidariedade e camaradagem.

O país dos 33 do Atacama, por causa do seu drama, da sua epopeia e da sua façanha é mais rico e mais forte hoje, seja lá qual for o seu governo. O Chile ganhou, com o drama, a epopéia e a façanha dos 33 um inimitável exemplo de resistência e bravura, que inspirará o labor e a luta dos seus colegas operários de outras minas e fábricas, dos desempregados, dos marginalizados, soterrados em outras fossas pelo maldito sistema capitalista. É a mesma classe sofrida, explorada, acidentada, mas também resistente e lutadora.

Portal de notícias da esquerda, de orientação comunista, o Vermelho seguirá sempre esta linha, de bradar, denunciar, protestar, quando se fizerem sentir as dores do povo e da classe operária.

*Editor do Vermelho