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Mineiros chilenos retomam rotina e temem o futuro

O mineiro Carlos Bugueno está fora da mina em que ficou preso durante 69 dias, mas ainda vive em região próxima ao local e divide sua pequena casa de madeira com 16 parentes. Sua família o acolheu enchendo a rua com sacolas plásticas brancas e cheias de ar – eles não tinham dinheiro para comprar balões.

Apesar das doações e das promessas de lançamento de livros e filmes, a maioria dos 33 mineiros chilenos que ficaram presos no subsolo por mais de dois meses retomou sua vida normal e vive com dificuldades em casas improvisadas, muitas vezes em bairros carentes de serviços básicos. Alguns deles se preocupam com o futuro e acham que sua situação de vida pode não melhorar. "Daqui a três meses, o que eu vou estar fazendo? Vendendo doces na praia? Pensando no que o governo fez por nós? Nada", disse Edison Pena. "Estou com muito medo e gostaria que as coisas mudassem", lamentou.

Apenas um mineiro ainda não recebeu alta do hospital após o resgate na mina San José, de ouro e cobre, onde ficaram presos a quase 700 metros de profundidade desde 5 de agosto. A maioria voltou à mina hoje para uma missa no acampamento temporário onde os parentes das vítimas aguardaram o resgate. "É bom estar com nossas famílias", afirmou Luis Urzua, o homem que liderou os mineiros durante o período, especialmente nos 17 dias iniciais, em que eles não tinham contato com a superfície e estavam providos apenas de uma reserva alimentar de emergência para 48 horas.

O acampamento, localizado num árido monte na região chilena do Atacama, foi rapidamente desmontado. Algumas barracas, trailers de imprensa e automóveis permanecem no local. Também continuam no mesmo lugar as 33 bandeiras que representavam os mineiros, assim como bandeiras dos países que ajudaram na rápida operação de perfuração para o resgate.

Fonte: Estadão