Jornalista prova que promessas de Serra são impraticáveis

O jornalista André Siqueira, sub-editor de Economia da revista Carta Capital, decidiu fazer algumas contas e demonstrou objetivamente que o candidato à presidência da República do PSDB, José Serra, não tem como cumprir uma série de promessas que vem fazendo na campanha eleitoral.

Charge receita tucana

Em primeiro lugar, Serra teria que rasgar a cartilha de gestão pública de seu partido, que critica os gastos públicos do governo Lula. E nem assim o tucano conseguiria elevar o salário mínimo para 600 reais, instituir um 13° pagamento para o Bolsa Família ou reajustar em 10% as aposentadorias. “É de causar espanto a falta de olhar crítico da mídia para as promessas do candidato José Serra, impraticáveis diante dos paradigmas de gestão tucanos”, escreve Siqueira. Trata-se de um devaneio do candidato, acrescenta.

Vamos aos números analisados por André Siqueira:

“Consta no Orçamento de 2011 a proposta de elevar o salário mínimo para 538,14 reais. Serra propõe desembolsar 61,86 reais a mais por assalariado, para atingir os 600 reais. Apenas essa promessa de campanha custaria, portanto, 12,3 bilhões de reais. O montante é próximo ao orçamento total do programa Bolsa Família, atualmente em 13,7 bilhões de reais. Aliás, criar uma parcela a mais para o programa acrescentaria 1,14 bilhão de reais ao cálculo – em valores correntes. Finalmente, há o reajuste dos benefícios da Seguridade Social. Nesse caso, apelo ao cálculo do economista do Ipea, Marcelo Caetano, que avaliou em 6,2 bilhões de reais o esforço adicional exigido pelo presente oferecido pelo tucano aos aposentados e pensionistas”.

No total, assinala o jornalista da Carta Capital, as promessas de Serra custariam cerca de 19,6 bilhões de reais aos cofres públicos. André Siqueira consultou, então, o especialista em contas públicas, Amir Khair, ex-secretário de Finanças de São Paulo, para indagar sobre a viabilidade das promessas de Serra, que batem de frente, sempre é bom lembrar, com as críticas que o próprio candidato e seu partido fazem ao que consideram ser “excesso de gastos” do governo Lula. Em primeiro lugar, Khair lembra que o gasto federal corresponde a uma parcela de 43% dos desembolsos totais do setor público. O restante fica a cargo das prefeituras e estados. Em segundo, assinala, cerca de 80% do orçamento federal está legalmente engessado com salários e outras obrigações constitucionais.

Considerando a pouca margem de manobra que resta ao Executivo, Khair imagina que um “choque de gestão”, – a receita preferida do PSDB – permitiria um corte de aproximadamente 30%. Seria um “sacrifício extraordinário”, diz o economista, e equivaleria a 2,58% do gasto público nacional, algo em torno de 9,9 bilhões de reais. Ou seja, mesmo se fizesse isso, Serra estaria conseguindo apenas a metade dos recursos necessários para cumprir suas promessas de aumentar o salário mínimo para 600 reais, de reajustar em 10% as aposentadorias e de conceder um 13° pagamento ao Bolsa Família. “E ele continua a criticar o endividamento público. Ao mesmo tempo em que promete elevar gastos sociais, ampliar investimentos e cortar impostos. Como, José?”, indaga o jornalista.

Fonte: Blog Dilma na rede