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Prefeitos mexicanos na linha de tiro dos narcotraficantes

A onda de violência que já deixou cerca de 30 mil mortos no México, nos últimos quatro anos, colocou recentemente na mira dos narcotraficantes prefeitos de diversas cidades do país.

Apenas neste ano, 12 deles foram assassinados, seis nos últimos dois meses. O cenário de execuções demonstra a força das organizações criminosas e ameaça o poder do Estado.

Artemio Tomás Jiménez, prefeito eleito de Mártires de Tacubaya, no estado de Oaxaca, foi baleado numa emboscada no dia 8 deste mês. Jiménez assumiria o cargo em janeiro. Já no último sábado (16), Rito Grado Serrano e o filho foram executados em sua casa em Ciudad Juárez com mais de 60 tiros.

Serrano tinha o cargo de "prefeito seccional", similar ao de prefeito, mas em menor dimensão. Ele era responsável pelo povoado de El Porvenir, parte do município de Práxedis G. Guerrero, no estado de Chihuahua. O prefeito havia denunciado a ação do crime organizado e recebido ameaças de morte nessa localidade, disputada entre os cartéis de Juárez e Sinaloa.

Os principais responsáveis apontados pela onda de ataques contra os políticos mexicanos são a vingança, a disputas de terras e, principalmente, o crime organizado.

Segundo o diretor do Centro de Pesquisas sobre América Latina e o Caribe, da Universidade Nacional Autônoma do México (Unam), Adalberto Santana, a maioria dos assassinatos acontece em municípios que os cartéis tentam controlar e que são rota do tráfico. “Autoridades locais são os primeiros obstáculos. Quando elas não colaboram, as execuções funcionam como intimidação ao poder local”.

O elevado número de assassinatos responde a um aumento da pressão sobre os cartéis, seja pela ação do Estado ou por disputas com outras facções. Esse é o maior paradoxo da estratégia do presidente Felipe Calderón: ao investir, desde sua posse em 2006, numa ofensiva contra o tráfico e mobilizar o Exército, o país tem assistido a um aumento da violência.

Do outro lado da fronteira

Entre os prefeitos de regiões ameaçadas pelo domínio do narcotráfico a palavra de ordem é cautela e precaução. Alguns políticos de municípios no norte do México, onde o narcotráfico se impõe com mais força, se mudaram para os Estados Unidos com suas famílias e todos os dias fazem o caminho inverso na fronteira para trabalhar.

“Orientamos os prefeitos a analisar a situação de seu município e adotar medidas de proteção”, afirma a presidente da Associação de Municípios do México, Azucena Olivares, prefeita de Naucalpan, no estado do México. “Chegamos a esse cenário por ineficiência do governo federal, que é o responsável por combater a delinqüência”, completou.

Segurança Pública

Grande parte dos municípios não tem como garantir a segurança pública. Com pouco efetivo policial e a corrupção que permeia os escalões de poder, muitos ficam indefesos diante do crime organizado. A segunda cidade mais importante do país, Monterrey, no estado de Nuevo León, tem vivido uma série de ataques contra sedes do governo, meios de comunicação e casas noturnas.

No domingo, um tiroteio contra um grupo de pistoleiros deixou mortos um traficante e duas mulheres sequestradas pelos criminosos. No mesmo dia, mais de 300 pessoas organizaram uma marcha pedindo paz na região. Poucos dias antes, Raúl Mireles Garza, prefeito do município de Sabinas Hidalgo, no mesmo estado, sofreu um atentado com granada. Um policial ficou ferido e Garza escapou ileso, num raro episódio sem mortes.

Mais que a violência ou a disputa por poder, os traficantes lutam por manter o lucro em um comércio bastante rentável. Nesta segunda, a Procuradoria Geral da República informou ter dado ordem de prisão a oito pessoas que teriam participado do massacre de 72 imigrantes em Tamaulipas – entre ele dois brasileiros.

Com informações, O Globo