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Kirchner abre congresso de Agências de Notícias em Bariloche

Representantes das maiores agências de notícias do mundo, públicas e privadas, estarão reunidos nos próximos três dias, em Bariloche, na Argentina, discutindo estratégias para enfrentar os problemas trazidos pela expansão da internet e o surgimento das novas mídias virtuais. Entre as maiores dificuldades, estão a perda de assinantes, a violação do direito autoral e a produção multimídia de conteúdos.

Os jornais impressos, que historicamente foram os grandes clientes das agências de notícias, enfrentam uma crise de sobrevivência que afeta todo o setor. Ainda assim, as agências confiam em seu futuro, já que 70% das informações distribuídas mundialmente são produzidas por elas. Os congressistas discutirão também a qualidade dos conteúdos e medidas de ajuste à nova conjuntura.

O 3º Congresso Mundial de Agências de Notícias foi aberto nessa terça-feira (19) pela presidente da Argentina, Cristina Kirchner. Ela fez um discurso moderado, reconhecendo o papel das agências como grandes fornecedoras de informação, bem como as mudanças trazidas pelas novas tecnologias. “Nessa nova realidade as mídias acabam competindo com a própria sociedade, que assume o papel de protagonista, buscando participar diretamente da divulgação das informações, de seu ponto de vista”. Kirchener destacou, no entanto, que o usuário da rede, ao contrário de uma agência de notícias, não tem responsabilidade pelo que divulga.

A presidente da Argentina revelou que usa o Twitter para evitar que suas declarações sejam deturpadas. Ela mencionou ainda a Lei dos Meios Audiovisuais, que está em vigor há um ano e estabeleceu o novo marco regulatório para a radiodifusão, proibindo a concentração da propriedade e o monopólio.

Kirchener — que vive uma relação conflituosa com a imprensa de seu país — questionou a existência de notícias isentas ou imparciais, citando como exemplo a recente tentativa de golpe no Equador, que muitos veículos trataram como mera rebelião militar. O próprio presidente Rafael Correa, detido em um hospital, precisou denunciar pelo rádio a natureza política do atentado, que acabou se confirmando.

Ela citou ainda o atentado terrorista à Estação de Atocha, em Madrid, em que a versão oficial acabou sendo desmentida por uma rede de mensagens por celular: o atentado não havia partido do grupo separatista basco ETA e sim de um grupo fundamentalista islâmico, em retaliação ao apoio da Espanha à invasão do Iraque pelos Estados Unidos

Estratégias

O vice-presidente da agência argentina Telam, anfitriã do evento este ano, Sergio Novoa, e o presidente do Conselho Mundial de Agências de Notícias (e também da Agência EFE), Alex Grijelmo destacaram a importância do congresso trienal como espaço para a troca de experiências e a busca conjunta de estratégias para enfrentar as mutações por que vem passando a área de informação e comunicação em todo o mundo, causando impacto direto na vida das agências.

Ambos destacaram a diferença entre os conteúdos apócrifos ou sem responsabilidade definida que circulam na internet e as notícias, atestadas pela marca e pela confiabilidade da agência que as veiculou. Entre outras medidas, eles propuseram um protocolo de entendimento para o combate à pirataria, permitindo que as agências compartilhem softwares, advogados, normas e procedimentos em defesa de seus conteúdos.

Representantes de mais de 60 agências privadas, públicas e estatais dos cinco continentes participam do congresso, que se repete a cada três anos, já tendo ocorrido na Rússia e na Espanha. Do Brasil, participam representantes da Agência Estado, de natureza privada, e da Agência Brasil, que integra o Sistema Público de Comunicação, gerido pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC).