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Brasil vai mapear potencial mineral em águas profundas

O governo brasileiro corre para tentar mapear as reservas minerais nas áreas adjacentes à plataforma continental do país.

De olho em potenciais estratégicos situados em águas internacionais, o CPRM, empresa pública que tem atribuição de Serviço Geológico Brasileiro, já encerrou o levantamento do relevo da Elevação do Rio Grande, cadeia de montanhas submarinas que fica em frente ao litoral gaúcho, e aguarda o resultado de uma licitação para afretar uma navio capaz de retirar amostras para análise do potencial mineral da região.

O chefe da divisão de geologia marinha do CPRM, Kaiser Gonçalves de Souza, afirmou que a empresa gastou cerca de R$ 1 milhão na fase do levantamento batimétrico, que mapeou o relevo do fundo do mar, fase em que contou com o apoio de um navio da Marinha para o serviço. Para a próxima fase, o CPRM usará parte dos R$ 50 milhões reservados no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para pesquisas minerais.

A expectativa de Souza é que sejam feitos 400 furos na região em dois meses de operação para retirada de testemunhos – pedaços do solo e subsolo marítimo – que determinarão a composição química do solo da região.

“Existem na região as crostas cobaltíferas, que têm potencial de manganês, níquel e cobre”, frisou Souza, que participou de palestra na Câmara Britânica (Britcham), no Rio de Janeiro.

O executivo fez questão de ressaltar o caráter estratégico das pesquisas. A Elevação do Rio Grande está situada a uma distância entre 400 e 500 milhas náuticas – entre 740 e 925 quilômetros – do litoral brasileiro, fora, portanto, da plataforma continental estendida, que vai a até 350 milhas náuticas. Com isso, de acordo com as regras internacionais, qualquer país poderia requerer o direito de realizar pesquisa no local junto à Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos, órgão das Nações Unidas que disciplina a gestão dos recursos em alto-mar.

Para Souza, o início das pesquisas pelo Brasil de áreas com potencial mineral em frente ao litoral nacional garante que a pesquisa fique na mão de brasileiros.

Além da Elevação do Rio Grande, Souza espera ainda que o CPRM comece no ano que vem o levantamento batimétrico da Cordilheira Meso-Oceânica, em frente ao litoral das regiões Norte e Nordeste. A região é rica em sulfetos, com formações que podem conter chumbo, níquel, platina e ouro.

Fonte: Valor Econômico