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AM: Seca histórica do Rio Negro atinge mais de 60 mil famílias

O Rio Negro, no Amazonas, atingiu neste domingo (24) o nível mais baixo dos últimos 108 anos. Medição feita pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) apontou uma diminuição de seis centímetros entre sábado (23) e domingo (24), o que levou o rio ao histórico nível de 13,63 metros.

O recorde anterior havia sido registrado em 1963, quando a vazante do rio chegou a 13,64 — um centímetro acima da altura registrada nesse fim de semana. A medição é feita no Porto de Manaus desde 1902.

Impactos da estiagem

A forte estiagem, que castiga a região desde junho, tem provocado uma série de impactos negativos à população amazônica. De acordo com a Defesa Civil, 38 dos 62 municípios do Amazonas já decretaram situação de emergência. Os números indicam que mais de 62 mil famílias foram prejudicadas pela seca.

O isolamento fluvial de cidades localizadas na beira do rio tem prejudicado o abastecimento de alimentos e água potável. Pelo menos 25 comunidades ribeirinhas estão isoladas por causa das dificuldades de navegação nos trechos dos rios que ficaram praticamente secos.

Já a capital Manaus vive um drama por conta da poluição nas margens do Rio Negro. “A prefeitura conseguiu diminuir em 50% o lixo na beira do rio, mas tem havido muitos desbarrancamentos, que são quedas de barrancos provocadas pela erosão e pela passagem de barcos. Hoje (domingo, 24), tivemos que desapropriar uma casa”, afirmou o gerente de monitoramento da Defesa Civil do estado, Ricardo Pacheco.

Monitoramento

A expectativa é de que a vazante do Rio Negro possa baixar ainda mais até o fim do mês. Os rios Solimões e Amazonas também estão sendo atingidos pela forte seca. O primeiro registrou o nível mais baixo desde 1982, quando foi instalada sua estação de monitoramento. O segundo atingiu uma marca dez centímetros abaixo da menor verificada na história, em 1997, conforme medição efetuada em Parintins.

A região do Alto Solimões, em Tabatinga, é uma das mais atingidas pela estiagem. O nível da água verificado na última terça-feira (19) mostrou a vazante 98 centímetros mais baixa do que o recorde anterior, anotado em 1998. No encontro das águas dos rios Negro e Solimões, ilhas de pedra e argila foram formadas.

O gerente da Defesa Civil destacou que agentes do órgão têm atuado 24 horas por dia. Com o apoio da Força Aérea Brasileira (FAB), kits com cestas básicas, medicamentos e produtos de limpeza têm sido levados às localidades mais distantes. Segundo Ricardo Pacheco, o governo já se articula para enviar filtros e materiais para o trabalho na agricultura, para minimizar o prejuízo sofrido pela comunidade ribeirinha.

Situação de emergência

A Defesa Civil descreve a situação de emergência como um reconhecimento legal pelo poder público de situação anormal provocada por desastres naturais ou não, que causam danos à comunidade. Algumas cidades amazonenses também decretaram situação de emergência no ano passado, quando o Rio Negro registrou sua maior cheia dos últimos 108 anos. Na ocasião, o nível do rio chegou a 29,77 metros

Com informações das agências